Amor Explosivo

Bati o olho e o coração fez festa. Senti um incômodo qualquer, uma agonia dentro de mim, algo que eu não posso, por mais que seja esse o intuito, expressar. Uma vivência que me abalou o emocional. Sabe quando você sente algo inexplicável? Aquela impressão de ouvir sininhos e ver estrelinhas luzindo?

Quando o vi, minha reação foi imediata. Tomada por um súbito desejo, mergulhei na fantasia de experimentar esse amor, quis fazê-lo minha realidade. E não pude deixar essa agitação passar despercebida. Meu corpo falava, denunciava meu despreparo ante a expectativa.

Atração forte é o que mais se aproxima da tensão que me fez outra pessoa diante daquele homem. Consegui falar e ser simpática, o que, no meu caso, é raro. Eu queria, de qualquer jeito, estar ali. Teria congelado aquela imagem, se fosse possível, para revê-la infinitas vezes. Não sei como fiquei, de tão aturdida, mas devo ter apresentado uma aparência boa. Pelo fim da história posso concluir que sim.

Lamentei quando, após o café, despediu-se e seguiu rumo à porta de saída. Meu cérebro, confuso, punia-se: “pensa rápido, faz alguma coisa!” Eu não sabia se em outro momento a vida me daria tamanha sorte. Não podia contar com isso, lembrei da história do raio que não cai duas vezes. A certeza em mim era absoluta: vontade de abraçar, beijar, ficar perto... Desejo mesmo! Mas, mentalmente incapaz, não disse nada.

E ele se foi. Ficamos largados, meus pensamentos e eu. Exigindo da emoção uma resposta, tive a razão dizendo pra ficar quieta. Mas eu queria muito aquele homem. Eu precisava, era um caso especial, o nosso. Pude imaginar nós dois numa vivência íntima, indiferentes às convenções e aos julgamentos. Era uma história de amor iniciada graças ao acaso, mas eu podia dar uma forcinha pra garantir que ele (o acaso) cumpriria bem o papel a que se propusera.

Sem outros meios para iniciar uma conversa, resolvi enviar uma mensagem via celular: “tava bom o café?” Enquanto digitava, o anjinho do pensamento sussurrava no meu ouvido: “tem certeza?”

“Nossa, eu fiz isso?” Fiz, e longe de estar segura de qualquer atitude minha. Tarde demais, agora já era. Bem pouco tempo depois, e para minha surpresa, a resposta: “Estava. Pena que eu só provei o café.”

E, como eu pensei, aquele encontro casual mudou toda a trajetória antes traçada, marcando o início de uma nova fase da minha vida, em que eu experimentava a melhor sensação de felicidade.

Publicado no Jornal O Povo, edição de 10/09/11

Maria Celça
Enviado por Maria Celça em 12/09/2011
Reeditado em 14/08/2013
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