Uma simples despedida

Onde estaria você agora? No seu jardim? Dormindo? Ou tomando chá? Meu coração selvagem aperta, seria porque nunca mais te verei? Seria porque sinto o vento que traz um aroma dos cerrados?

Onde você estiver apenas sinta o som que busca a intimidade do universo, o bem querer da vida.

Onde você estiver não precisa se lembrar de mim, mas perceba apenas a sintonia com que o envolve neste momento, talvez seja feito de alegria, ou harmonia talvez, não sei, apenas gosto de você e gostar de alguém não se necessita ter um motivo necessário, apenas se gosta, pronto!

E gosto, nessa frequência que talvez não exista, senão em minha mente a sensação do que não deveria persistir, mas ainda gosto, e nem sei por quê? Eu poderia querer uma resposta de Deus, poderia perguntar ao sol quando se põe, poderia perguntar às noites estreladas... Mesmo assim não teria respostas.

Talvez esse amor seja de pedra, porque as pedras se demoram a quebrar, a pedra nos riachos demoram a ser removidas, as pedras que construíram as pirâmides estão lá, erguidas e ainda sonorizam algo muito profundo seja por algum viajante montado em um camelo, seja por um andarilho faminto de vontades de atravessar até o fim do planeta, que possam passar por lá e enxergá-las e que resistirão ainda a muitas tempestades de areia.

Não gostaria que fosse assim, mas, minhas vontades ainda não prevalecem. Não consigo tirar essa miragem misturada de flores diluídas numa paisagem interna de românticas dosagens de perfume.

Ainda não consigo dizer adeus, porque se dependesse de meu raciocínio lógico eu estaria no deserto de Gobi, bem longe de minhas surpresas astrais, bem longe de querer imaginar onde estaria você, no seu jardim, dormindo ou tomando chá. Mas ainda sinto o aroma dos cerrados trazendo de longe algo que sei que um dia vai morrer, sim, vai morrer!

Julho de 2009