Teatrando II

Palco iluminado, em mim uma expectativa geral.

Não conhecia o texto, geralmente gosto de ver teatro já com conhecimento do texto. Mas sabia tratar-se de um autor consagrado, portanto uma das poucas certezas que tinha era que o texto certamente valeria a pena.

Cenário simples, mas bastante condizente, pertinente. Iluminação certinha. Figurino impecável.

Alguns personagens realmente compuseram seu figurino de forma admirável, lindamente, apaixonante.

O texto, percebi logo, bastante coloquial. A personagem central, de uma doçura contagiante emocionante. Personagem vivido com bastante competência, com verdade.

Texto exigente, daqueles que requerem atenção e raciocínio. Que vai construindo uma idéia ao desenrolar do contexto, e culmina com a idéia central somente nas palavras finais.

Minha atenção estava dividida entre o que acontecia no palco e a preocupação com o meu sono. Percebi que não iria dormir. Bastante envolvente o que via.

Mas... impossível controlar um desenfreado bocejar.

Cobri o rosto até a altura do nariz com uma blusa que felizmente estava vestida, apoiando o cotovelo, deixando de fora somente os olhos atentos.

Fui me deixando envolver pelo desenrolar da encenação.

Gente! Uma mega produção.

Eu pensando em algo rapidinho, até por conta do meu cansaço, e a peça se desenrolando, e eu bocejando, bocejando, me escondendo atrás da blusa que me foi muito providencial, uma vergonha!

– Agora termina, mas... e o sentido?

– Não, não pode ainda... e continua...continua...

– Ainda bem que é uma excelente produção, senão... não sei não se estaria vendo...

E foi, e foi... até a frase final a fazer sentido em todo o desenrolar anterior.

Um encanto! O texto faz pensar. Conversei comigo: - A vida é o presente; o que não se vive agora jamais se poderá viver depois.

Sempre que vou ao teatro ver um bom trabalho, sei lá porque, me sinto plena.

Realizo-me através do trabalho do outro. Feliz. Alguém está fazendo algo muito bonito, muito bem feito. Coisa mais estranha... Vai entender...

E assim foi, saí na minha plenitude, com gosto de quero mais, pensando em voltar a ver “O Anjo de Pedra”.

Tomara não tenham os expressivos “Anjos de Pedra” interpretado mal o meu comportamento. Se é que puderam vê-lo.

Nilamaria
Enviado por Nilamaria em 19/09/2011
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