O MERGULHAR NO ETERNO

O MERGULHAR NO ETERNO

Paulo de B. Marcial Neto

Já perdi a conta de quantos livros eu li durante os meus anos de existência.

Mas quem de nós se esquece do seu primeiro amor? Eu, não!

Depois do tempo que todos levam para entender os signos que representam as vogais e as consoantes, depois do tempo que todo o mundo leva para descobrir a maravilha da formação das palavras - frutos doces resultantes da união dos signos mágicos do alfabeto - ganhei um presente que não era brinquedo, nem roupa. O meu primeiro livro!

Não bastasse o presente diferente de todos os outros que comumente recebia, o meu primeiro livro foi um clássico infantil: "Reinações de Narizinho", escrito por Monteiro Lobato.

O meu primeiro amor, que apesar de amarelado, desconjuntado e há muito sem a capa que cobria o seu lombo, ainda ocupa um lugar especial na minha memória e na estante da minha biblioteca.

Após o "Reinações", um a um - os demais livros infantis de Monteiro Lobato - foram acrescidos e formaram a minha primeira coleção de livros, depois ampliada e razão de inconfessável orgulho, quando os meus olhos pousam, amorosos, sobre aquelas centenas de milhares de páginas impressas que me levaram a mergulhar no Eterno.