Um Rock in Rio ajuda a melhorar o mundo?

Diz o slogan subtítulo do festival de música: por um mundo melhor. Quanta pretensão. É para parecer Woodstock, acho. O (s) Medina tem que saber que não estamos nos anos 60. Ele (s) sabe (m) disso. E tem que saber também que muita coisa precisa ser melhorada na estrutura do festival para que possamos, minimamente, pelo menos nos dias do festival, ter a percepção de que o mundo pode ficar melhor.... Nunca ouvi um som de tão boa qualidade em shows de grande porte. O Palco Mundo é uma linda obra de arte aquitetônica moderna. Mesmo o Palco Sunset é ótimo. Já os banheiros, por exemplo... Destoaram completamente da proposta primeiromundista do evento, fazendo lembrar que estamos no Brasil. A alimentação também foi um problema: definitivamente não havia pontos de alimentação e comida suficientes para cem mil pessoas num período de 14 horas. Em qualquer exposição agropecuária do interior come-se bem melhor. Um mundo melhor requer boa comida e bons banheiros, não? Herbert Viana, durante sua apresentação, perguntou à “rapaziada” se estava ouvindo bem. E concluiu falando sobre como é bom ter algo de qualidade num país “tão terceiro mundo”.

Problemas à parte, o meu mundo pareceu melhor quando fui com minha esposa e minha filha ver as cantoras que esta mais gosta, Rhianna e Katy Perry. E foram belíssimos shows, devo admitir. Foi o dia 23 de setembro deste 2011 – abertura da quarta edição brasileira do Rock in Rio. Os momentos mais Woodstock eram os intervalos entre os shows, quando muitos (incluindo a gente) sentavam e deitavam na grama artificial, se amontoando como filhotes irmãos. Bem que as pessoas podiam ter tido a sacação de permanecerem sentadas durante a apresentação de Elton John pelo menos... O cantor, com uma voz inacreditavelmente boa após décadas de estrada, fez um show de sonho. Minha pequena, que passou boa parte do show de Elton no chão, chegou mesmo a fechar os olhos e talvez até sonhar.

Música é sonho. E música ajuda, sim, a tornar este mundo um lugar melhor. Mas, claro, só a música não pode dar conta do bem estar coletivo, que é do que mais carecemos.