Eu ainda preciso de ti

As notícias são estarrecedoras. Dia-a-dia nos surpreendemos com drogadição, pedofilia, violência, crianças fora da escola, sem cobertura de vacinação, filhos sem controle, pais destemperados. Uma criança de 10 anos, com uma arma atira na professora e depois se suicida com um tiro na cabeça.

Mas afinal, o que está acontecendo?

As crianças que cresceram num ambiente de acolhimento e segurança emocional em geral são providas de maior senso de integração social e capazes de regular o próprio comportamento. Viver em famílias onde o cotidiano é marcado por episódios de raiva e agressões – torna crianças, adolescentes e adultos vulneráveis a uma ampla gama de males físicos e mentais. Podendo ficar dependentes de álcool, tabagismo e outras drogas. Os indivíduos tendem a responder de forma mais agressiva a ameaça menores, como levar um empurrão na escola.

Mas eles não nasceram assim.

Nasceram necessitados de leite e de carinho, de abrigamento e proteção. Mas o que acontece então?

Parece claro que tudo inicia na família. É ela quem está desestruturada. Isso em todas as camadas sociais. E como inicia na família, um dia também terminará na família.

Os jovens reproduzem na comunidade as violências e tensões do mundo exterior. Daí a necessidade de se trabalhar a família como um todo e como comportamento social e também a escola, onde novos valores humanistas podem e devem ser transmitidos na vivência diária da sala de aula e da escola.

Teu filho fala sobre seus sentimentos? Te conta dos momentos em que sente medo ou raiva? Ele sabe se poderá contar com a tua atenção e o teu respeito?

Abrir o caminho para a conversa é fundamental, assim começam a circular os sentimentos e as possibilidades de resolver problemas, estreitar vínculos e ter mais saúde. Quem sabe que é querido tem a auto-estima em alta e mais incentivo para tudo.

As crianças estão aí. É suficiente dar esmolas? É suficiente abrigá-las sem suporte terapêutico?

Crianças e adolescentes necessitam de carinho, respeito, limites, horários e afazeres; afagar cabeçinhas e dar respaldo à suas rebeldias ainda nos trará grandes problemas.

Muitos menores zombam dos professores, ameaçam, fazem jogos emocionais e se dizem “ menores”, protegidos pelo ECA ( Estatuto da Criança e do Adolescente). Inimputável não significa impune.

Uma mulher chegou à Delegacia onde trabalho e me disse que vinha entregar o filho, não o queria mais; já não o suportava, ele não obedecia e ela disse: “ vim entregá-lo”! Entregar pra quem, dona?

Muitos desses meninos e meninas perambulam pelos estacionamentos, rodoviárias, portas de estabelecimentos comerciais, querem dinheiro e logo surge alguém que diz que eles querem dinheiro pra comprar crack! É verdade. Querem dinheiro para comprar a pedra. Mas sabe por quê? Por que o crack tira a fome, tira o sono, tira a sede e tira a vontade de viver!

Rejane Savegnago
Enviado por Rejane Savegnago em 28/09/2011
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