OS ÓVNIS INVASORES

Outro dia, lá na terra dos monólitos, os invasores foram os ETs, que fizeram sessões e mais sessões de revoadas, sob os estrelados céus de Quixadá. Mais uma das inumeráveis ‘arrumações’ que, por aqui, na Terra do Sol, têm virado acontecidos, nas últimas latas d’água.

São acontecidos disto e daquilo, até de mulher-serpente, coisa e tal, e o diabo a dez. Um mundo de invenções, invencionices mesmo; maiêutica da cabecinha boba e sábia do nosso zé-povinho.

O zé-povo pode ser parco de mesa, e o é, coitado! Mas é gente cheia das gaitas nas vezes de criar coisas e reinventar as suas invencionices. Sem bitola, tudo fartura de informações e riqueza de criatividade. Folclore à beça.

Pois foi em Quixadá, sertão seco e central do Ceará, lá onde as rimas ecoam até na alpendrada da fazenda NÃO-ME-DEIXES, que pertenceu à nobre escritora d’O Quinze, a nossa dona Rachel de Queiroz.

Segundo inúmeras cabeças e línguas do zé-povo, os bichos voadores – todos luzentes e abelhudos – fizeram enxames e praça de guerra em torno da “Pedra da Galinha Choca” e, ademais, em outros pontos bonitos e cabeções naturais do progressista município.

Batem com a língua nos dentes, por aí, que americano do norte – o ianque, para falar frontalmente – é uzeiro e vezeiro em espalhar objetos não-tripulados, mundo afora. Serviço secreto de ultra-espionagem. O diabo de modernoso, não: o cão. E o coisa-ruim é quem duvida, e não este um, aqui!

Ando sempre ver um gato escaldado, aquele que tomou banho fervente nos couros. Tenho minhas razões e desilusões para permanecer um cético, de orelha em pé. Mania minha, pessoalmente, de capiau de couro espichado e posto no olho do sol, que nem se faz com o couro de bode.

Essa gente dos extremos de cima faz-se de gato morto, porém é escovada que só um malufista. Não bota água aos pintos, de jeito maneira. E, quando eles botam um dedo de xerém no cocho para a mãe dos miúdos é porque querem é levar o galinheiro, com os paus do poleiro e tudo o mais.

Acho bom e bonito que um pobre e simples matuto, que nem eu, um beréu, ou capiau, tenha quengo voltado para as bandas da ufologia e faça lucubrações, e crie e reinvente tantas ‘arrumações’, tudo tiradas do miolo da testa humana.

Mas, por fé de Deus e crença nos óvnis, lá na cidade do sertão bonito, todos viram as coisas luminosas e voadoras; viram e foi com os olhos que a terra vai um dia comer. Viram, pois não, e observaram os fenômenos e lascaram o assunto nas ouças da imprensa, de onde as fofocas e verdades ganharam o eito deste vau de mundo.

Já estou, aqui, preparado para ver também e ouvir novas ‘arrumações’ da boca gostosa do povo. Que nos venham mais e muitas, com os corruptos na barra dos tribunais. E que estes, enferrujados, desemperrem e façam justiça, ali com o preto no branco.

Os boatos populares são a catarse para a gente poder suportar o imaginário dos horrores das guerras, com mais veras as guerras das covardes invasões. Pior, ainda: tais lorotas e potocas do povo, com certeza, aludem às atrocidades ianques, ao longo da sua desenfreada corrida belicosa, que eles batizam gloriosamente de “guerras”. Pois eles não iniciam sempre as invasões à base de teleguiados?

Atenção!... Agora vou ali, ao mirante do céu, ver se vejo um óvni. De preferência um bicho voador clandestino, de procedência possivelmente ianque, igual aos de Quixadá, daqueles que dizem vir apenas sondar as nossas riquezas naturais.

Fort., 1º/10/2011.

Gomes da Silveira
Enviado por Gomes da Silveira em 01/10/2011
Reeditado em 01/10/2011
Código do texto: T3251446
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