POP IN RIO

     O título supra definiria, adequada e oportunamente, o mega evento que, atravessando as fronteiras do Brasil, se repete além mar com o nome Rock in Rio.

     Suponho seja a variação de gêneros e tendências responsável pelo alcance internacional do sucesso. Quem sabe se até mesmo aqui, no berço onde nasceu, o Rock in Rio se manteria com igual aceitação e qualidade não fossem as inovações por que passou, obviamente visando atender a distinção do público. Seja por qual outra razão, o Rock in Rio está aí, e chega ao seu final com a marca do incontestável sucesso, para muitos uma “prévia” do que nos aguarda os eventos da Copa do Mundo e das Olimpíadas.
    
     Pop in Rio, digo, pensando um evento nacional. Inadequado ainda seria além fronteira. Porém, como todos sabem, a linguagem universal da música rompe todas as barreiras idiomáticas, assim como, dela, a variedade de estilo atrai público diversificado. Daí porque esse amálgama de todas as tendências sugere ao evento um nome que melhor o identifique, não necessariamente o que agora aponto.
   
     Alguns lances curiosos chamaram-me particularmente a atenção nesses encontros de gerações e estilos entre os quais se incluiu o Milton. Poucos, a partir da minha geração têm ideia de quem é Milton Nascimento e, não sei se por esta ou outra razão, o receberam tão friamente. O público do Rock in Rio, predominantemente, não quer ouvir música. Quer dançar música. E a voz do Milton, já não tão potente e singularmente afinada como antes, destoou ali. Só quem mergulha nas águas da história da MPB sabe de Milton e é capaz de identificá-lo na travessia do tempo. Travessia que o levou a outros mundos em carreira solo ou em duetos inesquecíveis. Um só exemplo aqui: Milton Nascimento e Sarah Voughan interpretando Bridges!

     O artista brasileiro, se morre cedo, raramente fica na memória, como Elis Regina. Esta é a única que se mantém indelével na “curta memória” brasileira e na programação das FMs pertencentes ao governo. Os que chegam à velhice, mesmo ainda cantando, (Exceção ao Roberto Carlos) caem no ostracismo.

     O Rock in Rio é a maior vitrine musical do Brasil. Nela apresentar só o Rock, seria perda. E de fato acertou Medina. Já não vale questionar, (como eu o fazia) o que faz ali Claudia leite, Marcelo D2, só para citá-los entre vários fora do esquema central: o Rock. E de rock gosto eu, se quem me lê pensa o contrário. Se só o Frejat estivesse ali, em solo entre as bandas, já me bastaria. Mas foram tantos que esta crônica não os comporta. Ivete Sangalo e Shakira!... Gosto de ambas, mas tenho a segunda como favorita. Shakira me desperta instintos impublicáveis. A emoção maior me veio por parte de Stevie Wonder. Ao vê-lo cantar Garota de Ipanema, entendi finalmente por que a Bossa Nova fez e faz tanto sucesso lá fora. E que me perdoe João Gilberto, o seu criador: uma coisa é vê-lo tocar e cantar na monotonia do seu show; outra é ver, ouvir e sentir o singularíssimo balanço da Bossa Nova nos teclados de Stevie Wonder ou de um César Camargo Mariano, como já assisti, num Show de Lenir de Andrade. E tudo isso é música. Música popular brasileira, ou melhor, POP IN RIO.

_______________________________________________

 Confira aqui Minton Nascimento e Sarah Voughan
http://www.youtube.com/watch?v=X3sLxtAW0nY


LordHermilioWerther
Enviado por LordHermilioWerther em 03/10/2011
Reeditado em 03/10/2011
Código do texto: T3254920
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.