MORRI... E NÃO ME AVISARAM?

Olá!

Por favor! Alguém fale comigo...

Moço, não finja que não existo...

“Deixa eu” levar fiado!

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Sabe, gente! São tantas coisas pra gente... Pra gente o que mesmo, Gil?

Ah! Sim... Você colocou no cartão de lembretes...

Cartão?!?!

Arghhhhh....

Cartão, cartão, cartão...

Faz quinze dias que meu cartão do banco foi mastigado pela máquina do terminal e não repuseram. Não posso sacar dinheiro, não posso comprar, não posso nada. Tornei-me um incapaz... Civilmente incapaz... Talvez seja interditado, pois desapropriado já me sinto.

Quero um cartão novo, pedi. Urgente, por favor!

A culpa é da greve, disse meu gerente, que não é meu, mas do banco...

Greve de quem?

Do banco, dos correios, da.... (interatividade aí, leitor).

Tem culpa todo mundo, seu doutor, só não tem culpa eu, que estou “me ferrando-me”.

De Jobin e Vinicius: Eu não existo sem você...

Desliga esse rádio, cáspite!

Nem me venha com a desculpa (culpa... culpa...culpa... ecoa em meus ouvidos) que vão sortear um par de ingressos para o show do Tôfrito e Cuzido para os primeiros que ligarem.

Estou sem telefone há dois dias... Erraram a minha portabilidade...

Quem se importa?

Alô!

Não! Não foi meu telefone que tocou... Foi o orelhão comunitário.

Acho que estou enlouquecendo.

Pelo menos isso... É uma esperança que não tenha morrido...

Sem poder torrar a fortuna de minha aposentadoria, sem receber um telefonema, sem receber uma correspondência – nem que fosse boleto de cobrança - tem dias que a gente se sente como quem partiu ou morreu...

Desculpa, Chico!

Pedro Galuchi
Enviado por Pedro Galuchi em 07/10/2011
Código do texto: T3263181
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