LADRÃO QUE ROUBA LADRÃO

Makinleymenino

Out – 2011

(Crônica)

Fazer alguma retirada no banco nesses dias é a proeza mais espetacular que há. Tem olheiro e informante para todo lado, olheiro no caixa eletrônico, olheiro de senha, informante de quanto vai retirar, informante se possui algum pertence interessante, sem contar que se esquecer qualquer objeto nesta instituição milionária... Adeus! Os bancos possuem em suas dependências sem querer o sistema de espionagem mais perfeito e organizado que conhecemos. A nossa polícia fica no bolso dessas quadrilhas, já que isso não lhes interessa. Azar o nosso que pagamos os salários deles através dos nossos impostos e ficamos satisfeitos porque não estamos na pele dos incautos, até o dia em que somos escolhidos ou envolvidos pelo acontecido.

Fato é que uma simples retirada de cinqüentinha, dependendo da necessidade do ladrão você será escolhido como uma única manga madura no pé da mangueira. Poderá dar adeus a essa vida lá na esquina onde deixou o seu veículo na hora de ir embora, caso a quantia de retirada for maior ou se o notebook for descoberto, porque às vezes nem precisa reagir, os caras nunca viram tanto poder com a arma na mão e se acham Deuses na hora de tirar a vida de um pai família.

O que chama a atenção é a explosão de elementos estimulados a praticar a saidinha de banco pelo Brasil a fora, que país é esse? O da ousadia e da impunidade, que alimentam a sede destas gangues que se misturam entre o povão e resistem às formas de dominação e controle social que chamamos de poder e formalização das leis. O objeto de psicologia social que explicaria esta proposição enigmática, no contexto faz a abordagem sócio-econômica em que suas raízes estão no lucro fácil e sem escrúpulos. Diz bem os estudos do Dr. Gary Becker, prêmio Nobel de economia de 1992, que supõe que os indivíduos optam pelo delito quando o retorno esperado for maior que o custo associado à escolha onde a associação criminosa diminui os riscos desse custo ou os custos desse risco são favorecidos pela impunidade ligado a corrupção política.

Aparte da discussão é raro ouvir que ladrão rouba de ladrão. Só em filmes de cinema onde o cineasta quer produzir algo incrível, uma aventura extraordinária. Pois bem, foi nesse aspecto de filme que me deparei quando na saidinha de banco os ladrões protagonizaram um assalto ao outro a mão armada. O primeiro com informações de alguém saindo do banco com dinheiro vivo segue a vítima, faz o anúncio de assalto com o cano na mão, ao sair em fuga, não percebera que a vítima do roubo havia sido escolhida anteriormente pelo segundo ladrão, que furtivamente filmava as ações do ratoneiro e sua laia. Com seu ferro não perdoou, acertou um tiro na testa deste primeiro, recolheu o dinheiro e saiu rapidamente.

Resta-nos lembrar a frase atribuída de sir Francis Drake (1541-1596), cunhada durante a metade do século XVI. Apesar do “sir”, era um grande pirata a serviço dos ingleses. Saqueava caravelas em pleno mar e desviava o roubo. Como as caravelas já levavam material roubado, ele inventou a máxima e explícita frase para se eximir-se da culpa e limpar a barra da Inglaterra que, ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão.

MakinleyMenino
Enviado por MakinleyMenino em 12/10/2011
Reeditado em 15/10/2011
Código do texto: T3272624
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