O maníaco da lanterna

O maníaco da lanterna

Não deve ser fácil se recuperar do susto. Acordar no meio da noite com um estranho no quarto, sem saber as intenções do bandido, mata qualquer um de medo e pavor, principalmente as mulheres, na maioria indefesas, que são as vítimas desse louco, que já foi apelidado de “o maníaco da lanterna”, Dizem que ele desliga o padrão de luz e adentra pela casa de mulheres que ele sabe que vivem sozinhas, munido de uma lanterna que lhe permite ver a vítima e não o deixa ser visto. Até agora não se tem notícia de abuso sexual, nenhuma de suas vítimas foi violentada, parece que a obsessão do louco é admirar e passar a mão na coitada que se encontra dormindo. Freud deve ter uma explicação pra isso, por que uma pessoa iria se expor a esse ponto, correndo o risco de ser preso ou morto, caso dê de cara com alguém mais corajoso, um erro de cálculo em que ele de repente entre numa casa onde possa haver mais alguém com o qual ele não contava. Deve ser algum prazer doentio, algum trauma de infância, uma loucura que leva alguém a se tornar irracional para se expor assim, arriscando a sua vida e a vida dos outros. Ou talvez seja a sensação de agir na surdina, o desafio de enganar a polícia e se safar ileso de suas loucuras. O ser humano é surpreendente na complexidade de seus desatinos, e muitos de seus atos nem sempre tem explicação. Dizem que toda cidade tem um louco para chamar o povo à razão. Talvez esse fato sirva para unir mais as pessoas, para se preocuparem mais com a segurança de suas casas e não se exporem tanto ao perigo, que a gente corre não só com o maníaco, mas com qualquer um que possa invadir nossos lares e roubar nossas coisas ou nossas vidas. O mundo está cheio de violência de todas as formas, e para muitos que vivem no meio dela, a vida do outro vale muito pouco. Por isso as casas de hoje são cada vez mais construídas quase que como presídios de segurança máxima, com cercas elétricas, muros cada vez mais altos e portas e janelas que mais parecem grades, onde as pessoas de bem se encarceram, para que a bandidagem desfrute a liberdade lá fora. Foi-se o tempo em que havia o namoro nas praças, sob a luz da lua, passeios pela madrugada. Hoje, quem tem juízo, mal a noite cai tem que correr e se trancar em casa. O medo e a insegurança cada dia rouba mais um pouquinho da nossa liberdade. E agora deram para roubar até o nosso sono, esse pequeno espaço de tempo onde a gente esquece a loucura que está tomando conta desse mundo.

maria do rosario bessas
Enviado por maria do rosario bessas em 19/10/2011
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