A  DOR,  O ÔNIBUS LOTADO, AS LOURAS FELIZES  E  O PÃO DOCE  ESQUECIDO.


QUINTA  FEIRA, VINTE DE OUTUBRO, CINCO DA "MATINA". JÁ DESPERTA  E COM TUDO ORGANIZADO DESDE A NOITE ANTERIOR, APÓS  TODO O RITUAL MATINAL, PUS-ME NA ESTRADA, O OBJETIVO ERA CONSEGUIR  UM MÉDICO,  NÃO ME  SENTIA  BEM.

ENTREI NA PRIMEIRA CONDUÇÃO O  "CANHENGUINHA"  UM  MICRO ÔNIBUS COM A FUNÇÃO DE LEVAR OS PASSAGEIROS PARA UMA INTEGRAÇÃO, AFIM DE QUE OS MESMOS POSSAM  ENTRAR EM  UM OUTRO,  QUE OS LEVE AOS  SEUS  DESTINOS. OLHEI NO RELÓGIO,  CINCO HORAS E  TRINTA E DOIS MINUTOS. PUXA!   EMERGÊNCIA?  DEVE TER GENTE SAINDO PELO LADRÃO!

AO CHEGARMOS NA INTEGRAÇÃO, O SEGUNDO ÔNIBUS
SAIU QUASE QUE DE IMEDIATO.
CHEGUEI AO MEU DESTINO EXATAMENTE  AS  SEIS HORAS E DOZE MINUTOS.

SURPREEEESA!?

ONDE ESTÁ A UNIDADE DE SAÚDE EMERGENCIAL?!

OLHANDO PARA  O PRÉDIO DEPREDADO, DECEPCIONADA E COM DOR,  OLHEI  EM VOLTA VI UMA JOVEM QUE SE APROXIMAVA DE UM VEÍCULO.

_BOM DIA,   POR  FAVOR  AQUI FUNCIONAVA UMA EMERGÊNCIA?  O  QUE  ACONTECEU?

_SIM, MAS  FOI TRANSFERIDA PARA  PEIXINHOS. DISSE   ENTROU  NO CARRO E  SE  FOI.

FICAMOS:   EU E  AS  DORES.

A  DOR FÍSICA,  UM PÁLIDO ICÔMODO. 

E A DOR MORAL,  ESSA QUE LAVA A ALMA,   EXPURGA OS MARTÍRIOS, QUE TENHAMOS POR VENTURA INFLIGIDO A OUTROS,  E  NOS  FAZ  ORAR,  ORAR  MUITO!

PORQUE  DIANTE  DO  QUE  NÃO  PODEMOS MUDAR,  SÓ  A ORAÇÃO  NOS  FORTALECE!

_ALÔ JOSUÉ? ADIVINHA?  A EMERGÊNCIA NÃO EXISTE MAIS NESSE ENDEREÇO, NÃO VOU FICAR ANDANDO SEM SABER PRA ONDE, VOU TRABALHAR SE NÃO  MELHORAR
PROCURO OUTRA EMERGÊNCIA.

DEVAGAR,  SEGUI  EM  DIREÇÃO AO  PONTO   DE  ÔNIBUS, COM TEMPO  DE  OBSERVAR  O MEU BELO VARADOURO, AS  PESSOAS,  AINDA  SEM   TANTA  PRESSA   E  O  TRÂNSITO, 
CALMO  COMO  NOS  PRIMEIROS  ANOS  DA  INVENÇÃO DO   CARRO.

HUM!!   CHEIRINHO DE PÃO SAINDO DO FORNO.
AH! PADARIA GLOBO!
ENTREI  E   COMPREI    DOIS    PÃES  DOCES.
ATRAVESSEI  A  AVENIDA   E  FIQUEI  A    ESPERA   DO ÔNIBUS,


O     ÔNIBUS  CHEGOU   E   QUAAAASE   NÃO   ENTRO   DE TÃO   CHEIO, FIQUEI POR ALI MESMO DIVIDINDO COM  OUTRAS  PESSOAS  O MINÚSCULO  ESPAÇO  ENTRE  A  PORTA E A BORBOLETA,  QUE  DÁ  ACESSO  AO  RESTO DO ÔNIBUS.

DUAS   LOIRAS  FALAVAM  SORRIAM,  E  FAZIAM  A  ANIMAÇÃO  DO  ÔNIBUS.

CURVA VAI, CURVA VEM   E   EU   TENTANDO   PROTEGER OS   DOIS  PÃES.

_HUM, QUE CHEIRO É ESSE!?  PERGUNTOU UMA DAS LOIRAS.

_PÃO DOCE.  RESPONDI,  APENAS  COM  OS  LÁBIOS.

_PÃO DOCE?

_UM PÃOZINHO AGORA VAI  BEM.   FALOU   A OUTRA.

 AÍ O PÃO DOCE, VIROU  O SONHO DE CONSUMO, DOS AINDA SONOLENTOS, " HERDEIROS DA BURGUESIA".

_OLHA "tÁ"  CHEGANDO PERTO DO MEU TRABLHO  QUER UM?

_NÃO, NÃO OBRIGADA!

O MEU  "VEM," CARTÃO DE PASSÁGEM  FOI  DE MÃO EM MÃO   ATÉ   CHEGAR   NO   COBRADOR  QUE  O  PASSOU NA    MÁQUINA   LEITORA. 
DE   POSSE   DO   MEU   CARTÃO,  DESCI  NA  MINHA PARADA,   ENQUANTO  OUVIA:

_TENHA UM BOM DIA.

_BOM CAFÉ HEIN?! .  DESCENDO, RESPONDI   PRA  UMA DAS LOIRAS  QUE  AINDA   PUDE  VER  ANTES  DA  PORTA  SE FECHAR.

_OBRIGADO E CONTINUI SENDO FELIZ!

NO   TRABALHO,  NÃO  COMI  O  PÃO DOCE,  MEU COLEGA COMEU  UM,  EU  PREFERI  UM  FRANCÊS.

NO FIM DA  TARDE AO SAIR AS  PRESSAS PARA UMA EMERGÊNCIA, ACABEI  ESQUECENDO O PÃO!








 
veralis
Enviado por veralis em 22/10/2011
Reeditado em 24/10/2011
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