Perdão presidenta, mas a presunção é de culpa

Li atentamente vários textos sobre a “defesa” do Ministro dos esportes, Orlando Silva, e o que me pareceu, é que todos seus esforços visam desqualificar moralmente ao denunciante, o policial João Dias Ferreira. Como estratégia pode ser inteligente, porém, surgem umas questões que inquietam seres bineuroniais como eu.

Se o ministro conseguisse provar que o policial é um crápula, isso o inocentaria? Para ser associada a certas práticas, essa “qualidade” se faz necessária, de modo que, caso esteja o ilustre Ministro envolvido segundo a denúncia, provar que o acusador é um canalha, em nada serve no sentido de inocentar ao Sr. Orlando, na verdade, indicia culpa.

A velha tática da diluição da culpa também está patente. Ouve-se vozes de uma “junta médica” que afirma que o PCdoB é virgem, apesar de freqüentar motéis. Não é o partido que está sendo acusado, mas, o Ministro. Outros levantam a bandeira que devemos “democratizar” a imprensa, para evitar esse “fascismo” que caracteriza a mídia atual. Impressionante como isso soa a Fidel-chavismo, a controle oficial de La prensa, para que não se dê nenhum feno, senão ao cavalo do comissário, admirável democracia!

A diluição vai além, afirmam alguns que isso visa atingir ao governo Dilma, de modo a cooptar uma ampla defesa da “base aliada” que, sem contraditório algum, se apressou a afirmar que a defesa do ministro foi “contundente”. Ora, caso não tivesse sido, eles afirmariam isso?

Mais uma coisa me intriga; o advogado do Ministro peleja pela não abertura de inquérito coisa que “prejudicaria a imagem” do Sr. Ministro. Quanto a mim, que sou partícula da opinião pública, ele marcaria um golaço, caso fizesse questão da abertura de inquérito, pois, exerceria amplamente seu direito de defesa, diante de um contraditório respeitável, e teria ocasião de mostrar, mediante comprovada lisura, que é de outra estirpe em relação ao delator. Faria sua defesa lavando-se, e não sujando outrem, o quê, automaticamente macularia ao acusador.

Mais; usa amplos horários na imprensa para sua “defesa” alertando que “a copa está aí” como se isso nos interessasse mais que lavar uma possível roupa suja, que o seria, à custa de nosso sangue. Outra coisa mim que ser índio quer saber: Por que polpudas verbas são designadas às ONGs, afinal, se são organizações não governamentais, por que precisam do abono do governo? Não podem acender seu fogo com sua própria lenha? Ou são apenas pretexto para “legitimar” a sangria do erário?

Longe de mim, sonegar o direito de defesa, transformar mentira em “verdade” mediante repetição contumaz; viva a presunção de inocência, no prisma jurídico, como afirmou a presidente, mas, dados os precedentes do meio, não podemos evitar a presunção de culpa, quando a “defesa” toma rumos tão diversos do bom senso, e da coerência. O pior; caso os fatos se revelem indefensáveis, a “sentença” do Ministro poderá ser a do Palocci, ir para casa desfrutar o butim auferido, sendo despedido sob aplausos pelos relevantes serviços prestados.

“A ter de volta as minhas palavras jamais me deu indigestão.”

Winston Churchill

Leonel Santos
Enviado por Leonel Santos em 23/10/2011
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