É novembro, é Natal

Amigo leitor, por acaso reparou na entrada, quando veio ler essa crônica? Não? Pois então trate de voltar e entrar de novo. E então? O que achou da guirlanda que coloquei na porta dessa crônica? Bonita, não? O quê? Está achando um pouco cedo para guirlandas? Ah, eu sei bem que acabamos de entrar em novembro. Mas acontece que eu sou um cronista social e, como tal, estou atento aos mais sutis movimentos da sociedade. E aconteceu de eu ver num dos shoppings aqui em Brasília uma pequena árvore de Natal, dessas com enfeite e tudo mais. Constatei então que havia chegado a época de se alvoroçar com o final do ano. Quis então me antecipar, e eis tudo: coloquei uma guirlanda na porta.

Quê? Tem o feriado de Finados antes? Ora, eu sei muito bem disso. E eu diria mais: temos uma República para proclamar ainda. Mas algum desses feriados tem como costume colocar um enfeite na porta? Ou algum deles exige expressamente que não se coloque nada? Não? Então deixemos tudo como está, meu amigo, e que venha novembro, e com ele a alegria de uma guirlanda na porta de entrada.

Veja aí que estamos no primeiro dia do mês, e que nele lembramos de Todos os Santos – seja o Santos do Pelé ou do Neymar. Que foi? É só uma piada. Mas veja você que, lembrando de todos os santos, nós acabamos não lembrando de nenhum. E me ocorreu agora que não há um santo padroeiro para os cronistas. Ou você conhece? Santo Expedito, talvez? A crônica é uma causa urgente, afinal. São Francisco de Sales é o padroeiro dos escritores, mas chamar cronista de escritor deve ser pecado. Aliás, ele também é o santo dos jornalistas e dos promotores – não sei bem qual a relação entre eles. Enfim, há santo para tudo, menos para os cronistas – e os críticos literários, mas esses não vêm de Deus.

Mas olha só onde fomos parar. Você já deve ter percebido que hoje eu não tenho absolutamente nada para falar. Que fazer? Preciso deixar o meu registro. Fique registrado para a posteridade que ao primeiro dia do mês de novembro da era de Nosso Senhor Jesus Cristo de dois mil e onze, pela manhã, o cronista Henrique Fendrich, solteiro, 24 anos de idade, natural de São Bento do Sul, Estado de Santa Catarina, e morador na Asa Sul, nesta freguesia de Brasília, chamou a atenção para a chegada do mês, e fez especial menção ao início das decorações natalinas da cidade, lembrando ainda da tradicional comemoração de Todos os Santos, e fazendo a partir dela uma série de considerações irônicas.

Dito isso, acho que pouca coisa há a acrescentar, a não ser desejar que você tenha um bom novembro. Obrigado pela sua companhia em mais este mês. Talvez na próxima crônica façamos um amigo secreto. Aliás, só em cogitar algo assim, comecei a ter uma série de comichões interiores, o que significa que devemos parar por aqui mesmo, antes que eu realmente tente escrever algo nesse sentido.

Henrique Fendrich
Enviado por Henrique Fendrich em 01/11/2011
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