Sem respostas

Não sei se todas as crianças, em tenra idade, fazem perguntas estranhas, ou se são apenas as esquisitas. Sei que eu as fazia o tempo todo.

Primeiro, comecei a questionar os adultos que me rodeavam, mas percebia o embaraço deles e lia os seus pensamentos: "deve ter sido o fórceps..." ou ainda "de onde veio essa menina...!?"

Depois, parei de perguntar-lhes sobre qualquer coisa escabrosa que me incomodasse.

Passei a elocubrar solitariamente e a buscar respostas nos meus queridos amigos livros. Vi ali uma luz no fim do túnel, apesar de JAMAIS ter chegado ao FIM DO TÚNEL.

"Se corremos o risco de pecar a cada minuto, por que não deixamos de nascer ou, ainda, nascemos e, em seguida, morremos, para irmos direto para o céu?" Por que é tão perigoso perguntar?" Por que não posso perguntar ou questionar o padre, durante a missa, afinal, ali não é lugar para se aprender sobre Deus?" "Por que, segundo a Bíblia, Deus elegeu certos homens para subjugarem e comenterem atrocidades contra outros homens e se tornarem reis de grande poder, se todos somos filhos dEle?" "Por que Deus escolheu apenas uma etnia como Seu povo?" "Por que Deus nos fez tão imperfeitos e nos envia ao inferno pelas nossas imperfeições?"

Caro leitor, sinto que devo parar por aqui, pois, mesmo tendo dito que essas perguntas vieram de uma vivente em tenra idade, cito agora: com pouco mais de 7 anos, posso, mesmo nos dias de hoje, ser lançada à fogueira, ou, na melhor das hipóteses, escandalizar alguém, o que me lançaria ao inferno...

Meu pai vai à missa todos os domingos, mas nunca me cobrou nada. Li a Bílbia duas vezes, durante a infância. Tudo porque ansiava por respostas.

Minha mãe, raramente vai à missa, apesar de ter uma fé muito grande em Deus. Sendo assim, não fui em nada influenciada por meus genitores. Eu é que sempre fui muito curiosa.

Hoje, continuo a elocubrar sobre tudo o que me apercebo. Continuo a questionar, a buscar respostas e, vez ou outra, a compartilhar minhas maluquices com os amigos leitores, como faço agora.

Quanta à minha fé em Deus, fazer-me essas perguntas e tantas outras contribuíram e muito para encontrÁ-lo dentro de mim mesma.

Compreendo-O muito mais e sei que Ele é pura Sabedoria, Inteligência, Bondade, Perdão e Amor.

Sei que somos seres que, apesar de acabados, paradoxalmente estamos em desenvolvimento, em evolução, como os bebês estão para os seus pais. E que, apesar das nossas imperfeições, somos a manisfestação gloriosa de Deus.

Finalmente sei que temos a capacidade e a liberdade para evoluir, mesmo em condições mais adversas que o Mundo, não a Vida, nos apresenta.

Mesmo tendo consciência de tudo isso, ainda tenho tantas perguntas sem respostas.

No entanto, se é verdade, como apregoam por aí, que são as perguntas, não as respostas, que movem o mundo, que bom...!!!