Sou um livro semiaberto

Sou um livro semiaberto. Como se as pessoas só conseguissem ler de mim metade de cada página. Os 50% digeríveis, a porção que revelo ao mundo nas minhas impulsividades, quando baixo a guarda. O resto fica comigo, lacrado, fazendo borbulhar nos meus pensamentos verdades ácidas, complicadas, neuróticas.

Minha metade oculta não é cheia de crimes que as leis condenam. Quanto a isso, fico calma. Ainda assim, sinto como urgência minhas omissões para esconder do mundo covardias assassinas, medos psicopatas, friezas afiadas e... sonhos. Estes, inocentes como uma criança, mas reféns dentro de mim.