Há muito tempo, num dia como outro qualquer, encontro um amigo que há muito não via e de supetão, assim... sem mais nem menos,  me diz que todos os rapazes da minha cidade tinham sido apaixonados por mim. Calculem o tamanho do susto... se é que susto tem tamanho! Meu ego travou, sequer conseguiu se empertigar. Inflar então... nem pensar!  Falar o quê, numa situação como essa? Quando vi... a segunda pérola do dia estava saindo de minha boca: “Ainda bem que a cidade não tinha tantos habitantes naquela época... (rsss), mas sonhos, sim... muitos! O que me faz ter certeza de que ninguém estava acordado o suficiente para discernir se uma coisa era uma coisa e outra coisa era outra coisa...

Mesmo sabendo que a vida é apenas uma passagem, muito raramente pensávamos sobre isso na juventude. E em quantas encruzilhadas nos perdemos! Vivíamos na esfera do ‘aparente do aparente’, sentados à margem do rio pensando simplesmente que a vida era bela. Pouco importava seu leito, o fluxo das águas... Enquanto isso o tempo ia passando e se encarregando de nos mostrar que o mundo não cessava no belo. Ia muito além! E assim, todas as interfaces de nossas vidas se incumbiram da árdua tarefa de fazer emergir o bom e verdadeiro até então não desvelados. Coube ao trabalho soprar aos meus ouvidos a importância de me colocar no lugar do outro para apreender a sua dor, a ouvir o que ele não sabia ou não conseguia dizer... Foi quando percebi que eu era e podia ser mais do que aquela imagem ‘social’ que havia acabado de deixar para trás. Por sua vez, o casamento, filhos, netos e tudo de maravilhoso ou não tão maravilhoso que acompanha o cortejo, paulatinamente, levou-me à arte de facetar e aparar arestas na esperança de que a paciência fosse o caminho para não deixar um trabalho inacabado. Sonho com certa facilidade, confesso. Nem sempre tenho os pés no chão, mas ainda acredito que além de belo, o que nos rodeia pode ser visto sem maldade... um passo para podermos acreditar no tanto de verdade que contém. Dia após dia, um passo atrás do outro, na tentativa de que acompanhem o compasso... Nem triste, nem alegre, apenas um novo jeito de ser.




heleida nobrega
Enviado por heleida nobrega em 15/11/2011
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