Escrevendo um soneto.
 


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(imagem google)
 
Eu estava na escrivaninha de Milla Pereira lendo seus textos e quando lia o seu soneto À Sombra de mim, meu pensamento se bifurcou – primeiro lembrei-me que o único soneto que fiz perdeu-se sem que São Longuinho nada pudesse fazer e também de um lugar mágico que criei durante um desses cursos de autoajuda que eu vivia fazendo. O verso de Milla é “Descanso à sombra de um pinheiro alto” – o lugar mágico que criei fica em um morro entre morros e no morro tem uma árvore em cuja sombra sempre me deito para relaxar meus pensamentos. Embora seja tudo imaginação é bem mais confortável que deitar - me debaixo de uma árvore qualquer onde certamente serei picada por formigas e incomodada por mosquitos.

Para iniciar o processo de criação esmiucei minha escrivaninha em busca de uma crônica que escrevi faz tempo O Soneto (15/12/07) onde tentei fazer um estudo sobre essa forma poética e relendo, quase desanimei – fazer um bom soneto é mesmo difícil e não é para qualquer um, não. Ali pude rever os comentários de alguns amigos: Dante Marcucci, Bernard Gontier, Leila Lage, Alexandre Tambelli (O primeiro leitor a gente nunca esquece), Zélia Nicolodi, Francisquini, Maria Paula Alvim, Marília Paixão, Pauleto J.A. e Kathleen Lessa. Fui a todas essas escrivaninhas para constatar que muitos desses queridos escritores não publicam mais por aqui, o que me deixou melancólica. Então optei por deitar-me à sombra de um carvalho e meditar sobre esse mundo virtual que me dá tanta alegria, mas também certa tristeza, embora o que tenha feito tenha sido estender-me debaixo das cobertas e em cima de meu velho colchão.

No dia seguinte peguei uma caneta e um caderno e rabisquei os versos abaixo, coisas que há muito não faço: nem versos nem manuscritos.
 
Sempre que a vida se apresenta em descompasso
Procuro logo o meu lugar de aconchego
É a forma que tenho de acertar o passo
E colocar fora todo o meu desassossego.
 
 
É quando então busco certo lugar secreto
Um lugar fictício criado no meu sonho
É nele que meu coração fica quieto
E meu espírito fica outra vez risonho.
 
Na sombra de um carvalho repouso o cansaço
E o pensamento alado vai pra bem distante
Para ficar sempre perto daquele abraço
 
Que me conforta e tira o peso dos meus ombros
ficando minha vida leve e mais brilhante
Como um raio de sol em meio aos escombros.
 

Que os puristas não me joguem pedras nem sintam pena de mim os grandes sonetistas desse Recanto, que sabem como eu os admiro.