Morte

Jurandir,acordou assustado.Levantou da cama sua camisa estava encharcada de suor.Completamente indisposto caminhou até ao banheiro.Durante o sono ouviu nitidamente alguém chamar o seu nome:-Jurandir,Jurandir,Jurandir.

Quando levou a mão esquerda para apertar o interruptor sentiu um calafrio que percorreu desde a sua nuca até os seus pés.Ficou paralisado com os dois braços apoiado na barriga e tremendo parecia estar dentro de uma geladeira industrial.

Ouviu a voz :-Jurandir,eu vim de buscar,chegou a sua hora.

Com a voz entrecortada ele respondeu:-Quem é você?Ouviu a voz novamente:-A morte.

Jurandir,desabou em prantos e tentou argumentar dizendo:-Mais logo agora que estou desfrutando a vida e...a morte interpelou dizendo:-O seu destino está traçado.

Ele travou um diálogo de aproximadamente 5 minutos com a morte,que mais parecia horas intermináveis,portanto por incrível que pareça ela foi taxativa quando disse:-Apenas uma semana.

Jurandir,respirou aliviado e sentiu-se leve e repentinamente uma brisa suave tocou o seu rosto e todo aquele ar gelado desapareceu.

Não conseguiu dormir mais naquela madrugada vez diversas ligações,desceu a escadaria de sua mansão,um belo patrimônio construído de forma ilícita,mais o que importava.

O relógio ainda não marcava 06:00 horas naquela manhã fria,quando ele percorreu aproximadamente 130km com o seu potente veiculo,até ao “recanto dos idosos”,que de recanto não tinha nada.A construção colossal estava caindo aos pedaços,o lugar fedia “chiqueiro”,entrou num quarto que mais parecia um cubículo,a pessoa deitada sobre a cama,parecia um fio de linha,cabelos brancos,pele flácida, mal conseguia abrir os olhos,aproximou e abraçou aquele corpo frágil 20 anos haviam passado,desde que deixara a sua mãe ali,simplesmente abandonada.

Chorou muito e pediu perdão inúmeras vezes,pegou-a no colo e caminhou até o veiculo, observou uma ligeira tremura na boca de sua mãe que continuava calada,olhando no seu rosto.Quando colocou a mulher no banco do carona ela repousou suavemente a cabeça no encosto,deu um suspiro,estendeu o braço direito e acariciou o rosto de seu filho e com muita dificuldade disse:-Filho,eu te amo.

Nos dias que seguiram inúmeros abraços,beijos,carinhos e palavras de ternura saíram da boca daquele homem rude e carrancudo,que gostava de humilhar as pessoas e principalmente engana-lás.

A cada ação é lógico havia uma reação e nem toda as vezes era positiva,mais ele estava fazendo a sua parte.

Pediu perdão a sua ex-mulher pelas inúmeras vezes que havia o agredido com palavras,chutes e ponta-pé.E pediu perdão aos filhos,que o abraçaram e o confortaram,ficaram impressionados pela mudança repentinamente de seu pai.

Finalmente chegou o dia,estava apreensivo,tinha horas que pensava que tudo não passara de um pesadelo,mais parecia tão real.

Maquinou um plano:-Vou enganar a morte.Foi até a barbearia e disse para o Jarbas:-Preciso mudar radicalmente o visual.Jarbas o seu barbeiro de longos anos ficou meio aturdido por alguns minutos,mais cumpriu a ordenança de seu cliente.

Em alguns minutos rapou toda a cabeleira de Jurandir,até as sobrancelhas.

Jurandir estava irreconhecível.A morte chegou na hora determinada procurando por ele,ficou completamente desapontada quando não o encontrou.Andou pela cidade horas e horas,freqüentando todos os lugares possíveis onde ele pudesse estar,e finalmente já cansada resolveu parar em um mega-evento na saída do município onde Jurandir residia.

Aproximadamente 500 mil pessoas reunidas naquele ambiente,a morte desiludida meneava a cabeça olhando para os inúmeros rostos,quando paralisou.Fixou os olhos em um homem careca no meio da multidão que dançava jogando pernas e braços para todos os lados,e disse:-Bom,já que eu não encontrei o Jurandir vou levar aquele careca.

LUVI
Enviado por LUVI em 21/11/2011
Código do texto: T3348060
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