CRÔNICA DE ALERTA !!! REPASSEM !!!

ESCREVO ESTA CRÔNICA PARA AJUDAR E ALERTAR

QUEM AINDA NÃO CONHECE ESSA SITUAÇÃO!

Por volta das 17h o telefone fixo de minha casa tocou. Ao atendê-lo, ouvi palavras gritadas, desesperadas dizendo:

- Mãe, me acode! Estou muito machucada! Mãe me ajude, não sei onde estou!

A voz parecia ser a de minha filha e, apesar dela ter quatro filhos adultos, é a mim que ela se dirige quando precisa de ajuda. A voz continuava já não muito inteligível, como estivesse se afastando do fone. Não adiantava eu dizer: não entendo o que diz, onde você está, fique calma... Ela não mais respondia...

Entrou na linha uma voz de homem dizendo que ela estava em poder dele, que estava dentro de um carro sendo vigiada por outra pessoa. Que iria me dar instruções para mandar-lhe dinheiro e que se eu fizesse alguma coisa fora de suas orientações, a mataria no ato! Mandou que eu pegasse meu celular e lhe passasse o número, que minha filha já tinha dado, mas queria verificar se eu não iria mentir! Que iria ligar nele e que o pusesse próximo ao aparelho fixo onde estava.

Segui essas instruções e essa pessoa ligou nele e confirmou.

Disse que iria confiar em mim, que disso dependeria a vida de minha filha, porque eu tinha que obedecer a suas ordens!

Disse que queria R$ 10.000,00 pela vida da minha filha. Falei que ele era doido, pois eu vivia com a pensão do INSS e não tinha nem um décimo daquilo no banco! Perguntou-me quanto eu poderia dispor no ato. Respondi que tinha recebido um valor por serviços feitos e deveria ter somente uns R$ 200,00 no banco.

Aí, deu-me as seguintes instruções, passo a passo:

- Não deveria telefonar para ninguém, nem para o celular de minha filha, pois qualquer atitude nesse sentido, ele a estupraria, matando-a em seguida. Que se ele visse alguma viatura da polícia se aproximar deles, atiraria nela no ato!

- Deveria ir com o cartão ao banco, sacar esse dinheiro.

- Iria depois a algum lugar para fazer recarga de celular (farmácia, lotérica ou posto de gasolina). Ele me daria os números dos telefones para as recargas.

- Mandou que eu escrevesse os números e anotasse na frente deles a quantia que deveria recarregar em cada um.

- Perguntou se eu já tinha pegado o cartão do banco, se estava vestida adequadamente para sair à rua, pois não deveria chamar a atenção de ninguém em hipótese alguma.

Minha voz vacilava entre uma calma forçada, tremores e soluços. Ele me mandava acalmar e prestar atenção ao que dizia.

- Eu deveria estar com meu celular na mão, pois ele ligaria a todo minuto para saber a direção dos meus passos.

- Mandou que eu deixasse o telefone fixo fora do gancho e fosse executar suas ordens.

Essa conversa deve ter demorado aproximadamente uns 20 minutos, pois me lembro de ter olhado no relógio que marcava cinco e trinta da tarde!

Saí. Fui até a avenida perto de casa onde parei o primeiro ônibus que passou e me dirigi ao banco. Durante o trajeto, o celular tocou umas duas vezes, sempre a cobrar. A pessoa perguntava onde estava e desligava.

No saguão do banco somente havia duas senhoras que vieram me perguntar por que chorava tanto. Quando fui responder, o celular tocou de novo e saí dali correndo. Atravessei a rua e me dirigi a uma lotérica em frente. A atendente também percebeu meu estado e, quando lhe estendi o papel e pedi para fazer a recarga de acordo com o que estava escrito, ela me disse através do guichê:

- Senhora, isto é um golpe! Não faça isso!

Apavorada, só pensava na minha filha e respondi:

- Faça isso, por favor, se não eles vão matar a minha filha!

A moça fez a recarga e chamou o gerente da lotérica. Incontinente ele me pediu o número do celular de minha filha e eu recusei. Falei que eles matariam minha filha se vissem que era eu chamando. Ele insistiu, mas o celular tocou e quando atendi tive que falar onde estava e em que pé estava a transação, a pessoa dizia:

- Fale em voz alta: oi filho, quando você vem?

Eu o atendi e repeti essa frase... O gerente fazia gestos insistindo em pedir o telefone de minha filha e eu recusava. O meu celular tocou de novo e a pessoa disse:

- Pronto, já verifiquei que a primeira recarga já foi feita. Faça agora a segunda. Desligou.

O gerente pôde me dizer:

- Agora ele já está mais tranqüilo, me dá o celular de sua filha que eu ligo do telefone da lotérica.

Com essa alternativa, concordei. De imediato ele ligou e olhando pra mim, falou para eu ouvir:

- Senhora? Está tudo bem com a senhora? Sim, estou ligando porque sua mãe está aqui na lotérica, muito nervosa, disseram-lhe que tinham seqüestrado a senhora e...

Contou-lhe minha situação e meu estado. Disse-lhe que viesse me buscar porque eu não estava em condições de voltar pra casa!

Saiu de trás dos guichês e foi para onde eu estava; dando-me o telefone, pude falar um pouco com minha filha! Tive, então, a certeza que era um golpe e o gerente pegando meu celular, o desligou, pois a pessoa continuava dizendo para eu fazer a outra recarga.

Contou-me que também ele e mais um amigo tinham caído nesse golpe. Pelo número dos telefones, percebemos que os celulares eram do Rio de Janeiro e nós estamos em São Paulo. Disse que o marginal deveria estar dentro de alguma prisão e que usam desse golpe para terem os celulares recarregados.

Foi de extrema solidariedade, buscando soluções, amparando-me, dando-me água e me acalmando até que meu neto e minha filha chegaram.

Agradecemos do fundo do nosso coração àquele gerente e fomos embora. Dentro do carro, meu neto religou meu celular e quando ele tocou de novo, ele disse:

- Seu golpe já foi descoberto...

Escutou um monte de palavrões que lhe soltaram e desligou rindo!

Já em casa, minha filha ficou comigo durante bastante tempo, até que consegui me recompor. Confesso que por momentos, durante a pressão que me fez, cheguei a pensar que era um golpe, mas não tinha coragem de desobedecer a esse marginal, de tanto medo de ser verdade! Ela ligou para um amigo da Polícia Militar e ele nos acalmou dizendo que nem precisaria mudar os números dos telefones, porque o fixo teria sido escolha aleatória e o celular, ele usou de “jogar verde e colher maduro” e conseguiu o número comigo mesma. Instruiu que, se houvesse uma próxima vez, que eu já tivesse preparado também “algum verde” para confirmar se a pseudo pessoa seqüestrada seria ou não o “fruto maduro”, isto é, seria um filho meu ou não!

Do fundo do meu coração, gostaria que esta crônica servisse de alerta para alguém! E, para completar, essa minha filha maravilhosa, fez questão de “pagar o seu resgate” me ressarcindo do valor perdido... Coisa de filha pra mãe...

Rachel dos Santos Dias

Em 23 de Novembro de 2011.

Rachel dos Santos Dias
Enviado por Rachel dos Santos Dias em 25/11/2011
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