Água para Elefantes (Water for elephants)

Depois de quase um ano afastada voltei a participar do Grupo de Filmes, reencontrando amigas e tendo a oportunidade de fazer novas, o que é estimulante. Participar do Grupo de Filmes é como um encontro às escuras – nunca se sabe o que vamos ver, a menos que seja a nossa vez de levar o filme. Então  temos duas opções: ou revemos o filme (se for bom) ou cochilamos, bem instaladas no sofá da casa de alguém. Dessa vez não deu para cochilar – o filme era inédito para todas nós e bom.

Tenho um pouco de birra com filmes e livros que todos leem e comentam – acabo deixando para depois. Foi o caso de Água para Elefantes, livro e filme. Agora que vi o filme senti um leve comichão no bolso – vontade de ler o livro. Mas vou resistir: não tenho mais onde colocar tanto livro comprado e não lido.

O livro veio primeiro. A autora é Sara Gruen. Ela conta a história de um Circo que percorre os Estados Unidos na década de 30, período de grande crise econômica e de como Jacob qualquer coisa foi parar nele. O protagonista da história (Robert Pattinson), descendente de imigrantes poloneses, estuda veterinária em Cornell - Universidade onde minha sobrinha Fabiana faz doutorado – já aí eu comecei a gostar do filme. Mas os tempos eram duros, a vida difícil: quando se preparava para prestar o último exame do curso o jovem recebe a notícia da morte dos pais, endividados ao extremo para fazer o filho estudar: Jacob fica sozinho no mundo, sem casa, sem dinheiro e sem diploma.Sai de casa sem olhar para trás. Dá  um passo,depois outro e logo o corpo o segue porque é assim que acontece sempre.  Pega um trem e parte sem rumo embora com um destino na cabeça – destino que ele nunca alcança porque o trem era de um Circo decadente (Benzini Brothers) onde ele, aos trancos e barrancos acaba se estabelecendo. É contratado para dar água aos elefantes, embora o Circo não tivesse elefantes. Mas viria a ter: a doce e robusta Rosie, incapaz de aprender qualquer coisa, como informa o seu treinador, no momento da venda. E é nesse momento que a doce Rosie lhe dá um banho de água com a tromba, para dizer-lhe adeus. Afinal é dito e sabido – até por Agatha Christie: Os elefantes não esquecem. Jamais.

Para quem acredita em destino é uma boa comprovação. Ali ele encontra o seu – um trabalho, a mulher de sua vida e não estou aqui contando nenhum segredo – a história começa com um nonagenário, morador de uma Casa de Repouso, perdido em um circo após uma sessão vespertina. Já é noite e no afã de devolvê-lo a sua origem, quem me pareceu ser o dono do circo pede-lhe que conte a sua história, após descobrir seu envolvimento com circos. E é aí que o filme começa realmente.

A primeira interrupção acontece porque esse é o procedimento normal -  quando todas começam a se lembrar de seus velhos desejos – seguir um Circo ou um bando de ciganos. Mas aí também veio a primeira surpresa: uma de nós, a Marlene disse: Mas eu já acompanhei um circo! Como todas olhássemos para ela com cara de espanto, ela completou: Foi em um circo que minha mãe conheceu meu pai. E mais não disse por que a campainha tocou, o telefone, sei lá, o fato é que antes que alguém lhe perguntasse qualquer coisa já estávamos outra vez envolvidas com o filme e seus protagonistas, Jacob e Marlena. Mas certamente vou apurar essa história porque cheguei à conclusão que a vida real é mais fascinante que qualquer ficção.

August, o marido da bela Marlena e dono do circo é uma figura estranha. É um cara carismático, mas também um verdadeiro demônio sádico. Maltrata os animais, inclusive Rosie, que em determinado momento passa a ser a principal atração do circo – e tudo acontece por acaso:  Jacob se dirige ao seu amigo polonês dando uma ordem em polonês, é claro. E Rosie cumpre a ordem. É então que descobrem que Rosie não entende inglês, mas polonês e que de burra ela não tinha nada.

August também faz questão de, estando com Marlena, ter a companhia de Jacob, como se formassem um triângulo amoroso.  Sem nenhum constrangimento faz os seus jogos eróticos com a mulher, precisa de um voyeur para se realizar sexualmente, É claro que Marlena e Jacó ficam constrangidos e podemos notar o interesse crescente de um pelo outro.

E aí o filme vai se desenvolvendo com tiradas dignas de serem anotadas e discutidas depois, mas eu não espero a discussão porque depois de ver tantos animais serem maltratados preferi ir para casa cuidar dos meus bemtratados.