A MULHER E A VOZ
Durante alguns anos havia uma voz, e a mulher ouvia sempre essa voz ao telefone.
Uma voz grave, sensual, gentil, mas sem rosto, inimaginável.
Certo dia, aguçada pela curiosidade, a mulher quis conhecer o dono da voz e foi ao seu encontro.
Ali estava ele: alto, moreno claro e não tão jovem na aparência; uma pessoa simpática, alegre e brincalhona.
Foi uma surpresa para ela, pois ao ver o dono da voz, seu coração, há tempos sem amar, bateu descompassadamente.
E a mulher, como uma adolescente, se deixou apaixonar por ele. E sonhou, sonhou muito.....
Mas, a mulher foi sabendo de outras mulheres que estavam ou iam entrando na vida dele, e ele retribuindo, usando como desculpa a solidão e desprezando um grande amor, superlativo, leal, verdadeiro e desinteressado.
Como o tempo desgasta todo amor não correspondido, o descaso dele esfriou esse amor; quem sabe o amor mais puro e sincero que ele poderia ter vivido!
Sentindo-se relegada, ela pensou, repensou, ponderou e decidiu seguir em frente, deixando para ele a decisão de viver o final de sua vida a seu jeito. Seu jeito galanteador, conquistador, mas apesar de tudo solitário.
Ela sabe que de repente aparecerá alguém por quem se apaixonará de novo.
Mas dessa vez ela certamente espera que seja seu último amor!