O sobrenatural Barcelona

Como parar o sobrenatural time de futebol do Barcelona? Uma pergunta que todos se faziam antes do jogo da final do mundial interclubes no Japão. O time do Santos vai conseguir pará-lo? Alguns respondiam que sim. Os mais eufóricos esperavam show de Neymar e Ganso, baile santista no Japão. Eu não pensava assim. Eu achava que ia ser difícil. Com certeza muito difícil. Entretanto, não supunha impossível. Será que não é? Esse inacreditável escrete se dá ao luxo de jogar sem centro-avante e com cinco volantes. Cinco volantes? Porra! É a seleção do Dunga? É nada, quanta diferença. E chamar Iniesta, Xavi e Fabregas de volantes é muita sacanagem com eles, e um grande elogio a certos brucutus que jogam nessa posição. A movimentação de seu espetacular meio de campo faz com que vários jogadores sejam esse centro-avante, que no papel não está jogando. Toda hora aparece alguém livre para botar a bola na rede. E quando perdem a bola sufocam o time adversário, com marcação de todos os jogadores, em todos os setores do campo, proporcionando que o outro time se precipite e se desfaça da posse de bola rapidamente. Realmente impressionante. Para quem gosta de futebol é muito bonito de se ver. Hora ou outra pode parecer tedioso de só ver um time jogar, entretanto, na maioria das vezes, é puro espetáculo. O time joga praticamente sozinho, parece não ter adversário. Impõe seu jogo de toque de bola, aparentemente inofensivo, desde o primeiro apito do juiz, com qualquer outro time, seja time pequeno, médio ou grande. Pode ser o Milan, o Real, o Manchester, não importa, todos sofrem jogando contra eles. Contra o time do Santos não foi diferente. Aliás, foi muito mais fácil do que eu esperava. Sinceramente achei que o Santos fosse dar algum trabalho ao Barcelona. Isso passou longe de ocorrer. O Barcelona resolveu o jogo no primeiro tempo, sem que o Santos tivesse qualquer situação aguda de gol. Vamos ao jogo. O Santos veio para o jogo com a seguinte escalação. Rafael, Bruno Rodrigo, Edu Dracena e Durval. Danilo, Arouca, Henrique, Ganso e Léo. Borges e Neymar. O Barcelona entrou em campo com Valdez, Puyol, Piquet e Abidal. Daniel Alves, Xavi, Iniesta, Frabregas e Tiago Alcântara. E, ele, Messi. O jogo começou como de costume, o Barcelona tocando a bola, e o Santos correndo atrás, tentando marcar a bola, tipo marcação de basquete, por zona. Não funcionou. Em uma tabela característica do time espanhol, e uma falha do zagueiro santista Durval, Xavi deixou o argentino Messi na cara do gol, e ele não desperdiçou, com um toque por cima do goleiro Rafael, abriu o placar. O zagueirão Bruno Rodrigo ainda se esforçou bastante pra cortar a bola, mas não conseguiu. Barça1 a 0. Pouco depois o próprio Xavi deixou o dele. Cruzamento da direita de Daniel Alves, nova falha da zaga e Xavi pega de primeira dentro da grande área. O terceiro gol veio de um toque de calcanhar do Messi para o cruzamento em diagonal de Daniel Alves, o goleiro Rafael espalmou, no rebote sobrou para outro jogador do Barça, se não me engano o Xavi, que cabeceia de peixinho, quase a queima roupa, Rafael salva espetacularmente, mas na terceira tentativa não teve jeito. Bola na rede. Fabregas. Três a zero Barcelona, facinho, tranquilo, quase sem esforço. O segundo tempo veio, e o jogo mudou muito pouco. O Barça deixou o Santos jogar um pouquinho. Um pouquinho só. E umas poucas vezes, com tabelas entre Ganso, Neymar e Borges, o Santos chegou perto do gol. No restante do jogo o que se viu foi o domínio do melhor time do mundo, algumas boas defesas do goleiro Rafael, que se destacou no jogo, apesar dos quatro gols sofridos. Quatro gols? Como assim? Eu até agora só falei de três, não foi? Foi sim. Porém, teve o quarto gol, o tiro de misericórdia. Mais um do Messi. Ele tabela com Daniel Alves, recebe na frente, parece que adianta muito a bola dando chance para o abafa do goleirão, mas só parece mesmo, na real ele chega antes do goleiro, dá um traço no digníssimo e empurra pra dentro do gol. Aí só foi esperar o fim do jogo. Não posso terminar esse texto sem reverenciar o técnico desse extraordinário elenco. Josep “Pep” Guardiola, que conseguiu fazer esse time jogar dessa forma, independente de que jogador estiver em campo. Entra e sai jogador, e continua tudo do mesmo jeito. Todos os méritos a ele também. Agora sim posso finalizar. E termino aqui essa crônica do jeito que comecei. Como parar o sobrenatural time de futebol do Barcelona? Fica aí a pergunta. O duro mesmo é encontrar a resposta. Confesso que iria terminar aqui, no entanto, eu não resisti à tentação de responder a pergunta. Se fosse possível, só mesmo o Flamengo, campeão do mundo em 81, pararia esse time do Barça. Meeengoooo, Meeengoooo, Meeengoooo.

jacosta
Enviado por jacosta em 18/12/2011
Reeditado em 18/12/2011
Código do texto: T3395028