BRASIL - UMA SOCIEDADE EXCLUDENTE

BRASIL – UMA SOCIEDADE EXCLUDENTE

Na organização social brasileira aprendemos desde muito cedo a viver alguma forma de exclusão.

Já na escola vem o primeiro aprendizado – excluímos ou se é excluído.

Aprende-se desde a tenra idade a rejeitar o diferente, como por exemplo, quem não é da mesma cor de nossa pele; portadores de alguma deficiência física; se não pertence a mesma classe “financeira”; se tem alguns quilos a mais, e por aí se vai num rol de rejeições que mais tarde se torna um comportamento perverso de ação excludente.

A exclusão é histórica na sociedade brasileira.

Passados quinhentos anos ainda engatinhamos como forma social dentro de estruturas arcaicas que sobrevivem como vampiros simbióticos, estagnando estupidamente todas as possibilidades de renovação do contexto social.

Nós, cidadãos brasileiros, sabemos como ninguém pintar quadros de exclusão com muito requinte.

Em pleno século XXI é espantoso ver nossa ignorância social.

De norte a sul, de leste a oeste grassa uma peneira social que mesmo Freud, conhecedor da mente humana, ficaria assombrado diante de tanto disparate.

Na sociedade brasileira não há espaço para pessoas simples, humilde, de pouca cultura; portadores de deficiência física; gordos; idosos; opção sexual diferenciada; cor de pele diferente; religião ou filosofia de vida que não seja a oficial, etc, etc, etc.

Desempregado então. Todos correm para bem longe. Parece até a “peste negra” – pega mesmo.

E os gordos? Esses, coitados, estão na lista negra dos condenados.

E os idosos? Esses chegam a raia do insulto social.

E pobres de maneira geral – esses nem existem!

Agora para deixar a exclusão social mais requintada criou-se a “Exclusão.com”.

Nesta classe estão as pessoas com boa cultura, nível universitário, dominando mais de um idioma – como inglês, espanhol, pratica esportes para ter uma melhor qualidade de vida, faz até trabalho voluntário para ver se entra para a lista dos incluídos “politicamente corretos”.

Aqueles que estão por dentro da informática, conhecem bem, afinal o mercado de trabalho cobra mão-de-obra qualificada. Estes têm alguma esperança de fazerem parte da inclusão.

Aqueles que passaram dos 40 anos, com uma bagagem de conhecimento, cultura, experiência, maturidade profissional. Perdem seus empregos e ficam obsoletos.

Tudo o que sabem não se aplica mais às novas regras da inclusão social. Está velho, depreciado!

E a pirâmide vai se alargando na base, enquanto seu pico vai ficando cada vez mais estreito e seletivo.

Como melhorar uma sociedade quando seus cidadãos são deixados de lado em vez de serem chamados a contribuir para melhorar a integração sócio-cultural e refazer as mazelas deixadas por uma estrutura decadente, individualista no trato com os seres humanos e seu meio social.

Diante da tirania da exclusão o cidadão se sente um nada, humilhado procura uma resposta para tal situação e se coloca na trincheira da depressão, da baixa-estima, anulando-se e sendo levado para uma marginalização onde começa a emergir uma nova ordem do caos da exclusão.

E esta nova ordem avança a passos galopantes, ditando em comportamentos, condutas e valores morais as suas reações em face do meio social hostil passando para seus descendentes uma estrutura paralela dentro de uma sociedade marcada pela omissão e indiferença.

Livia Zoé
Enviado por Livia Zoé em 07/01/2007
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