OU SEJA: NÃO CHEGUEI A NENHUMA CONCLUSÃO!
26.12.2011.
 
 
   Tirei o dia de hoje para ficar sentado. Sim, sentado e pensando em amenidades. Almocei mais cedo que de costume e não movi uma palha. Vi alguns documentários interessantes com dublagens horrorosas. Ouvi um pouco de Louis Armstrong, procurei entre escritores que gosto de ler, seus novos textos, pensei um pouco nas coisas que se encontram estagnadas em minha vida e mantive-me calmamente sentado.
   Percebi que minhas malícias são puras em relação a outras pessoas e que existe o inverso nisso também. Notei também, que algumas se encontram num grau de “involução” de peso e tamanho parecido com o meu. E continuei sentado. Hábitos e manias e essência, investiguei e vi que posso continuar sentado, vi que posso mantê-los, vi que posso melhorá-los e vi também que as urgências ou foi meu senso ou foi meu susto que assim as classificou como urgências.
   Fiquei sentado e cansado de corpo, alma, espírito no intuito de proceder as reorganizações de todo o conjunto. Sem pressa, passo a passo, mas só quando me levantar, os passos que me forem possíveis e cabíveis. Mas notei um incômodo nessas amenidades e nesse desaparecer e nesse enfurnar nessa caverna.
   Não pensei em retrospectiva, nem em planos para o ano que se chega, porque considero que dias e datas perdem importância se forem forçados a se seguir tradições das quais não me identifico. Não sei se regrido ou progrido; nem sei se no futuro, caso mesmo venha existir, exista resposta para algumas perguntas dessa natureza. Sei que continuei sentado pensando amenidades e me chateei um pouco com as coisas estagnadas. Foi bom ou ruim? Tampouco sei...
   Saí um pouco de órbita ouvindo um pouco de música tailandesa. Vi com tristeza algumas flores mortas, não sei se pela nova estação ou por descuido. Notei que muito depende de mim a continuação daquilo que eu mesmo inventei como atividades. Reparei que a natureza me responde à altura daquilo que semeio. Ou seja, não cheguei a nenhuma conclusão surpreendente.
   Foi apenas um dia atípico, no entanto normal. Fumei menos, bebi água e Coca-Cola, transcrevi alguns textos de história, matéria que sempre gostei e continuei cansado, sentado diante da tela, ora do computador, ora da televisão. No mais, fui bonzinho comigo, solícito às minhas apreciações e complacente com minha consciência. A noite cai, resolvi também nada fazer hoje à noite além de continuar escrevendo, lendo e ouvindo música, sentado, despreocupado com minhas atribuladas ambições, decisões e atividades ligadas ao trabalho em casa e na rua.
   Nada de síndrome do pânico, depressão, melancolia ou angústia, ou tudo isso num pacote só, tranquilamente sentado... e reparei que minha filha percebe quando não estou em minha rotina, onde sempre sou mais feliz um pouco...
 
 
Marcelo Braga
Enviado por Marcelo Braga em 26/12/2011
Código do texto: T3407731
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