AGENTE DO DESTINO

Há algum tempo assisti a um filme interessante chamado “Os agentes do destino”. Para quem não assistiu ao filme, trata-se de uma obra em que seres (agentes) acompanham cada pessoa para que ela não se desvie de um destino que cada um já tem traçado. Estes seres criam circunstâncias misteriosas para que não fujamos do que já está determinado para nós.

No filme estes personagens misteriosos fazem tudo para que nada atrapalhe o caminho de um jovem candidato ao senado dos Estados Unidos que já tem seu destino determinado: ser presidente do país e nem o grande amor da sua vida deve impedir os planos dos agentes.

Quando adolescente escrevi uma frase que dizia: “O único destino certo que temos é a morte, o resto somos nós que fazemos”. Hoje eu pergunto será?

Não sei se o tempo vai minando esta certeza ou se a maturidade nos mostra que tem forças superiores que mudam ou moldam o que traçamos.

Não falo aqui de desistirmos de nossos sonhos: de comprarmos aquela casa, de sermos aprovados naquele concurso para que tantos nos prepararmos, de fazermos aquela viagem que passamos o ano planejando ou de vivermos aquele grande amor. Afinal sonhos são para serem sonhados e buscarmos realizar. Mas falo em aceitarmos e encararmos o fato de que nem sempre vamos conseguir o que almejamos e que devemos criar alternativas para sobreviver após cada queda, após cada derrota, pois prosseguir depois de uma vitória, de uma conquista é muito fácil.

Todos nós já escutamos ou lemos que a vida não é um trilho reto com paradas programadas e sim uma trilha com curvas sinuosas e caminhos desconhecidos. Ainda bem. Que chato seria acordarmos e sabermos tudo o que iria acontecer com cada um de nós. É o imprevisto que nos faz mais fortes, que nos faz astutos, que nos traz maturidade. São os desvios inesperados que nos fazem ter jogo de cintura necessário para sobrevivermos nesta selva que chamamos de vida.

Falamos que vamos nos fechar para o amor e de repente surge alguém que abre todos os cadeados dos nossos corações e invade-os com tudo, sem direito a desapropriação.

Planejamos durante semanas uma viagem à praia e justo naquele dia resolve chover.

Queremos ficar em casa e não fazer nada e então recebemos visitas inesperadas.

Não sei a fórmula exata do destino, se 50% pertence aos “agentes” e nós detemos os outros 50% ou se a nós cabem 10, 20, 90%.

Afinal, quem sabe o que vai acontecer depois daquela curva.

Ou quem sabe quem é a pessoa que vai cruzar no nosso caminho na próxima rua.

Planejamos muito vivemos pouco.

Arrependemo-nos dos atos passados, tememos o futuro e esquecemos o presente.

Invejamos pessoas que tomam decisões arriscadas e dão certo, mas criticamos as que tomam as mesmas decisões e falham. Mas acertar ou falhar faz parte da vida.

Quando erámos crianças os dias eram curtos e os anos demoravam a passar. Hoje os dias são longos e os anos voam.

Os dias e os anos são parceiros das crianças. Os dias eram de brincadeiras, de felicidade. Hoje para muitos, o dia é apenas uma rotina estafante com uma mesa cheia de papéis. Os anos antes que demoravam a passar eram divididos em meses, em momentos, hoje dividimos o ano em contas, em prestações.

Não sou utópico para seguir literalmente a poesia “Instante” cujo autor escreve que deveria ter errado mais, que correria mais riscos. Não sei se gostaria de cometer mais erros ou correr mais riscos, mas certamente eu me sentaria para ver mais entardeceres e amanheceres, viajaria e passearia mais, tomaria mais sorvetes, mais sucos de cajá.

Mas eu não queria apenas ter bons momentos na minha vida, pois se eu tivesse apenas bons momentos não saberia o tamanho da minha força, não conheceria quem são realmente meus amigos.

Não sei quantos agentes Deus colocou em nossas vidas para nos acompanhar, nem o quanto Ele tomou para si a responsabilidade de nos proteger, de nos guiar. Mas sei que Ele colocou também em nossas mãos responsabilidade, deveres. É lógico que Ele deixou mistérios, labirintos, problemas para resolvermos, para tornar a vida mais fascinante, mas Ele também nos fez um Agente do nosso destino.

Então, que neste próximo ano deixemos de sermos meros espectadores de nossas vidas e nos tornemos os Agentes mais importantes, mais atuantes dos nossos destinos.

Feliz 2012.

FMBARBOSA
Enviado por FMBARBOSA em 29/12/2011
Código do texto: T3413026
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