Nada é novo

Nada é novo

Todos os dias, desperto com a sensação de já ter vivido o momento que começa.

Mesmo quando percorro caminhos diferentes, quando estou em lugares distantes pela primeira vez, sinto que em algum momento, eu já estive ali. Não sei como, nem porque, sempre me identifico com as paisagens, com os momentos, com os novos quadros que a natureza pinta diante de mim, quando saio procurando o novo no mundo. Mas nada é novo. Não sei se a interação, que existe entre mim e a natureza, acontece devido ao alcance das lentes que a mídia nos oferece ou se é meu abraço que é grande demais, para caber o mundo todo dentro de mim, quando viajo... Só sei que não me sinto estranha em lugar algum. Os homens é que às vezes são. Passam indiferentes, alheios ao meu olhar, ignoram o sorriso que trago para todos que cruzam o meu caminho. Mas os lugares me acolhem, sinto-me parte da paisagem. Sou uma cidadã do mundo, mesmo estando distante de tantos lugares onde queria estar. E a resposta que tenho para mim mesma é que eu realmente faço meu, esse presente que Deus me deu, do qual eu preciso apenas abrir os braços para tocar. Não preciso caminhar sobre ele todo para ser parte. Como todas as moléculas que o formam, eu também sou uma delas e participo para que a beleza dele seja completa. Como todas as pessoas que nele existem e muitas vezes não sabem... Mesmo as paisagens mais tristes, as cenas mais violentas e as visões mais sujas e podres fazem parte desse cenário. No universo, há pintores das mais diversas tendências e alguns pintam a natureza viva, cheia de cores , ao mesmo tempo em que há os que pintam naturezas mortas, obras impressionistas onde a dor prevalece, o horror se destaca e a beleza está justamente na tristeza que revela. Temos muitos autores que só mostram a beleza em preto e branco. E nem por isso, suas obras deixam de ser belas. Por isso, acho maravilhoso esse espetáculo da vida, encenado e recriado em tantas versões. E me sinto à vontade, caminhando entre a humanidade, com a consciência de que tudo faz parte da história, da evolução da humanidade. Cada um no seu tempo, caminhando rumo às estrelas depois do dever cumprido. E a cada vez que isso acontece, é um retorno de uma vida que apenas recomeça...

maria do rosario bessas
Enviado por maria do rosario bessas em 02/01/2012
Código do texto: T3418203