FELIZ ANO NOVO!

Vivi na zona rural até meus oito anos e o dia primeiro de janeiro era especial.

Acordava bem cedinho e ia até a casa do tio Néco pra pedir meu “ano bom”.

Normalmente ganhava uma moeda dourada que guardava com carinho, na certeza de que quando fosse à cidade com minha Mãe, poderia comprar um ou dois deliciosos sorvetes de groselha.

Até hoje não abro mão do velho hábito de levantar bem cedo no dia primeiro de janeiro.

Só que faço o inverso, saio pra distribuir balas a toda criança que encontro.

Não há como descrever meu prazer quando vejo em seus rostos a mesma alegria que eu sentia quando ganhava a moeda do tio Néco.

Às vezes, não resisto, presenteio algumas pessoas de idade avançada e tasco um Feliz Ano Novo.

O resultado é impressionante!

Percebo a emoção em seus olhos merejados e, ainda que por instantes, vejo o despertar da criança que costuma existir dentro de cada um de nós.

Ontem, depois que as balas acabaram, pensei no quanto paguei por elas e concluí que às vezes a felicidade pode custar somente vinte reais.