PINTURAS DE MESTRES

PINTURAS DE MESTRES

Certa vez visitei o Rio de Janeiro e me encantei com um

quadro que retratava uma jóia da Coroa Portuguesa e para o meu deleite pude observar a mesma, sobre veludo tal qual a pintura apresentava.

O milagre da pintura nos faz conhecer os utensílios de uma mesa composta a cem, duzentos anos atrás... .

Embora a fotografia pudesse segurar o tempo, foi somente em torno de 1825 que apareceu a primeira delas.

Criada a partir de alguns elementos e levando muitas horas de exposição solar, foi engatinhando até mais ou menos 1901.

A pintura a óleo continuava vencendo a demanda de retratos de pessoas da classe média e de paisagens.

A Pintura Realista dá sentido nítido das coisas e vida aos antepassados, assim como o Romantismo transmite “perfume e amor”. Esta é somente uma faixa de época.

Podemos sentir as antigas ruas, becos e ver os pedestres com chapéus espalhafatosos, mas elegantes na época.

Observamos roupas de saias e mangas longas, elegantes e também próprias para o frio, e percebemos que se repetem na arte, talvez o clima fosse quase sempre ameno, também os sapatos masculinos e femininos de modelos fechados com longos cadarços e calcanhares altos.

As plantações sem tecnologia, entretanto abundantes, enfeitadas por carroções com quatro rodas ou menores de duas rodas puxadas por bois e homens inclinados na lida. Outros passeando garbosos com a mão na algibeira e cavalheiros dando o braço de amparo à companheira.

Barquetas ou canoas projetando sombra no rio limpo sem poluição, ramadas de flores coloridas nas margens, e nos campos salpicadas, mas sempre presentes.

Mais flores em vasos com elas miúdas ou graúdas onde as senhoras enfeitavam suas casas, mostrando um romantismo que ainda não acabou porque os genes ultrapassaram o tempo não sofrendo mutação.

Mulheres de semblantes sérios com as cabeças protegidas por chapéus com fitas e camafeus na gola da blusa, ou passeando de barco, brincando com crianças louras ou morenas cacheadas.

Ondas no trigal formadas pelos ventos, árvores pinceladas para cima, ou cortadas mostrando a dor sentida dos galhos que viraram tocos, nem imaginavam que deveriam preservar a natureza.

Verdes, verdes, de todos os tons, como conseguiram isso? Barcos secando ao Sol abandonados, outros no balanço do mar e gaivotas a planar.

Intimidade dos dormitórios com quadros apinhados nas paredes, camas de madeira grossa e cobertas fofas, de penas? Palhas? Retalhos? Do que seriam?

O conjunto de bacia de louça com sua jarra, um luxo, para o frescor de um rosto lavado, toalha pendurada por perto para acudir os olhos fechados.

Cadeiras aqui e ali para o descanso e para o pensamento fluir em momentos de solidão.

Mais sapatos pelo chão, ferrados para dar mais proteção ao caminhante ou mesmo para durar mais.

O velho e bom café tomado em xícaras de louça refletidas pela luz do lampião suspenso sobre a mesa, onde as cabeças femininas eram adornadas por toucas inseparáveis.

Assim as pinturas de pessoas que caprichosamente pintavam, transformaram-se em nossas fotos antigas e os pintores grandes mestres.

Zastra
Enviado por Zastra em 10/01/2012
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