Minha cabeça vai explodir

Bonito eu? Mentira! Sei lá! Talvez fosse engraçadinho quando pequeno. E o que tem demais? Eu perguntava. E o refrigerante que não acaba. E o nome que não se acaba. E essa lembrança que não sai de mim.

Hoje eu seguro firme o volante, pra esquecer o quanto calejei meus pés, pra esquecer a genitora de todas aquelas coisas que se resumem numa pessoa só. Escuto inteiras as músicas que ouvia nem pela metade. Não por falta de esforço, mas o verdadeiro motivo acabaria me sentenciando um mártir embutido da mais alta auto-piedade.

Por isso canto. Músicas. Isso mesmo. Mas só eu gosto delas. Se bem que um dia já serviram como isca, naquela fatídica noite – que só descobri a falta de alegria dela três anos depois – pesquei o mais belo peixe. Oxigênio. Ele tinha todo. Por isso se recuperou aos meus olhos, porque todos sabiam que o pescado ali havia sido eu. A isca na verdade era toda essa libido, essa vontade pueril que justifica todos os atos insanos da puberdade, até que se desate o nó de poder fazer o que se quer com sua amada no banheiro a sós.

Mas hoje eu me pergunto: Bonito? Eu? E o que teria? Certo de que isso não faz nenhuma diferença quando se está impregnado de derivados de petróleo a no mínimo duas rodas. Certo de que Rapunzel está chorando em outras torres e outros príncipes tentam salvá-la. Mas um dia... o demônio há de passar por lá!

Marcelo Mosque
Enviado por Marcelo Mosque em 12/01/2007
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