O contraste entre a paixão que não vê os defeitos, e o amor que os entende
Falhar é factível a todo ser humano.
Por mais que se empenhe na perfeição
um dia ele irá falhar, e a falha sempre
repercute, ou para si, ou para outros.
Mas o verdadeiro amor se manifesta
exatamente nas falhas.
Na perfeição é fácil demonstrar amor
Difícil é amar apesar de... apesar das falhas.
Por esta razão o verdadeiro amor é completo.
A paixão não, pois, apesar de ser forte e intensa,
ela trás consigo muito do egoísmo, da frustração,
da decepção, da autocompaixão e da autosatisfação.
Amar está longe de ser o envolvimento
com uma pessoa perfeita, aquela dos nossos sonhos.
Não existem príncipes nem princesas.
Amar é encarar a outra pessoa de forma sincera e real.
É querer estar junto para ensinar e aprender
exaltando qualidades, mas consciente também dos defeitos.
O amor só é verdadeiro quando encontramos alguém
e permitimos que esse alguém nos transforme
no melhor que podemos ser.
Mas, para que um sentimento se torne duradouro e amadurecido,
a paixão deve ser mesclada com o verdadeiro amor,
amor que compreende, que sara feridas, que cura a dor,
que liberta da opressão. A paixão não deve de toda acabar.
Analogamente, a mulher é como um pequeno pássaro.
Não podemos aconchegar o pássaro em nossas mãos
e simplesmente deixar as mãos abertas,
sem alimentá-lo, sem protegê-lo, sem amá-lo.
Senão este pássaro, voará para sempre. Assim também é a mulher.
Mesmo que o seu corpo esteja lá, nas mãos do homem imprudente
não haverá mais alma que cante.
Por outro lado, se se tentar proteger o pequeno pássaro fechando as mãos,
não se pode apertá-lo muito, porque isto significaria opressão e controle;
a proteção sucumbiria à autoridade do dono das mãos.
O excesso de proteção faz a mulher, assim como o pássaro,
se esvair, escoar por entre os dedos, voando assim para bem longe
configurando assim a morte da alma e do ser.
O segredo para manter vivo o pequeno pássaro em suas mãos
não é nem abrindo e nem fechando muito as mãos,
mas apenas mantendo o equilíbrio da proteção, suficiente e exato,
para o pássaro sentir-se livre, protegido, seguro e amado.
As mulheres, assim como os pássaros, são assim,
uma natureza complexa e delicada
que quando tocadas no ponto certo (no coração),
elas vivem felizes em mãos a quem confiam entregar o seu amor.
Na minha singela análise, às vezes, assim interpreto você.
Eu gostaria de sempre ser esta mão delicada, para poder amá-la e protegê-la.
Mas o sempre, ainda não posso. E se não posso,
busco alucinadamente formas de compensar esta carência.
Às vezes acerto, às vezes falho.
Mas nisso tudo eu desejo que permaneça a essência do que sinto
por esta linda, meiga, singela e linda mulher:
O mais puro amor que um homem pode dar para uma mulher tão especial.
Eu posso amá-la com minhas atitudes, gestos, palavras e letras.
Mas falhar, às vezes é inevitável, não sou perfeito.
Porém, não desisto deste sentimento pois ele é forte, sincero e determinado.
Estendo para você as minhas mãos e te convido a caminharmos juntos,
com este amor, com este sofrimento. E assim viveremos (ou morreremos na alma)
um ajudando o outro, e suprindo a esperança sobre o que o destino nos reserva.
Se eu pudesse viver em sua plenitude o amor que sinto por você
eu seria o homem mais feliz do mundo... por poder fazê-la feliz.
Você demonstra para mim a sua sensibilidade, seus anseios e frustrações.
Logo, me faz conhecer a sua natureza feminina, delicada e desejosa
da atenção do ser amado. Nunca duvide do amor que tenho por você.
Amar como se hoje fosse o último dia para dedicarmos o carinho um pelo outro com toda a intensidade dos nossos corações.
Assim deve ser o nosso cuidado com aquilo que possuímos em nossas mãos. Somos responsáveis por aquilo que cativamos. A espera pode ser longa.
A nós só resta verbalizar sentimentos que nos dão esperanças e certezas: Sentir. Honrar. Encantar. Imortalizar. Lembrar. Aguardar.
Para Lygia, de Carlos.