NOVA DITADURA

Todo mundo sabe sobre como foi cruel o nosso período ditatorial.

Quantos desaparecidos, quantos sofreram para hoje termos o país livre, onde podemos votar e ser votados, etc.

A luta, pelo que contam, foi duríssima, tendo a maioria de seus defensores sido expulsos do país, exilados ou fugidos.

Imagino que os expulsos (ou exilados como preferirem), devem ter passado por verdadeiras situações vexatórias em solo estrangeiro. Isto porque naquela época, poucos falavam outro idioma que não fosse o português, eram jovens sem formação acadêmica e não tinham grana para viver no exterior.

Mas, quero deixar claro que nunca pesquisei a vida deles, é só a minha imaginação.

Pego como exemplo, um músico que deve ter feito algumas composições contra a ditadura e foi exilado. Um baiano de no máximo vinte e poucos anos. Foi para a Inglaterra. Aqui apenas tinha começado sua vida artística. Será que tal indivíduo já sabia ao menos falar inglês? Penso que não.

Aí, depois de anos de ditadura, vem um general e traz ao país a tão almejada liberdade.

O povo vibra, as praças lotam de pessoas comemorando a vitória da democracia. Lindo!

Institui-se os partidos políticos. Tem partido pra todo gosto, inclusive os antigos se partiram.

Candidatos, nem sei quantos na primeira eleição para presidente, no recém país democrático.

Uma coisa fica clara. Existem partidos de direita e de esquerda. Os de direita eram, na época, ditos como reacionários e que queriam o antigo sistema de volta, etc.

Já os de esquerda eram os socialistas, que iriam mudar tudo. Eram fãs nº 1 de Fidel, e, o idolatravam.

Tudo ia correndo normal, eleições, o povo acreditando, enfim, votações encerradas, novo Presidente.

Ninguém sequer pensava no Vice-Presidente. Era uma figura praticamente invisível aos olhos do povo.

Dá-se que o presidente morre. O Vice assume a presidência.

Tudo bem! Apesar de todo mundo saber que o tal era meio ligado aos militares.

Aí surgiu o salvador da pátria, eleito, tomou a grana do povo de uma só vez. Odiado imediatamente por todo o povo que o apoiou, não contava com a traição do próprio irmão (será que o nome dele era Caim?). Mais uma vez, lá vem o Vice.

O Vice era simpático, seus cabelos revoltos, seu episódio no sambódromo com uma moça sem calcinha, etc.

Novas eleições. Agora um homem sério. Era o pai do plano real, acabou com a inflação. O homem era um gênio.

Aí é que a porca torceu o rabo. Inventaram a tal da URNA ELETRÔNICA.

Em 1996, foi instituída a tal inovação. Eu, que sou geralmente bastante crédula, até hoje não acredito naquelas maquininhas. São apenas computadores, e como todos sabem, não existe bicho mais burro que computador. Tudo que você insere ele acredita.

Então, se alguém quiser que o candidato tal ganhe, vai simplesmente inserir na urna, e ela, burra como é, vai aceitar, independente de quantas outras pessoas votarem em outros candidatos.

Está bom, posso estar errada, mas penso assim até hoje.

Não acredito mais no voto. Quando vou votar, vou muito mais para encontrar as pessoas, do que considerando meu candidato. Não sei se ele está com a urna ou contra ela.

Na verdade, é um mito dizer que o voto é obrigatório. Se não votar, e, nem sequer der satisfação, o máximo que acontece é pagar uma multinha de míseros R$3,51(três reais e cinquenta e um centavos).

Tem gente que despenca, sei lá, do Rio, pra ir votar na Paraíba, gasta o que não tem, pede emprestado e tudo, só por ser o voto obrigatório.

Acorda D. Maria. Essa é a história mais boba que inventaram para o povo.

Bem, é aí que começa realmente minha indignação. Não no caso da multa, mas da urna eletrônica.

Depois dela comecei a pensar que agora estamos vivendo outro tipo de ditadura.

Claro! A ditadura dos que podem inserir qualquer candidato na urna eletrônica. Podem fazer assim: A cada voto no candidato “B”, vão ser imediatamente creditados três no candidato “C”. Algo neste sentido.

É possível sim! Como já disse a urna é burra, e acredita em todo programa que for inserido nela.

OK, muitos agora vão me chamar de psicótica. Aceito, não discuto pra não me aborrecer.

Mas ficou com aquela pulguinha atrás da orelha, confessa.

Dito isto, tenho que chegar ao final, estamos então na ditadura da urna, não temos mais direita e esquerda, a oposição aceita cargos, sem encargos, então sequer temos oposição. Os políticos que se xingavam outrora, hoje se abraçam em público, sorrindo. Acredito que é de mim, povo brasileiro.

Em menos de um ano de governo caem ministros como se fossem gotas de chuva, e ainda dizem que é uma faxina. Ei! Foi ela quem os nomeou. Deveria saber da lama antes de faxinar a casa.

Mas nesta ditadura, os governantes se comportam como aqueles macaquinhos: Não vi, não escutei, não falo!

Assim como hoje tenho que me conformar não só com a urna eletrônica, mas com as grandes indenizações, que nossos queridos exilados políticos estão recebendo, por terem salvado a pátria da ditadura militar. Tem gente que sequer foi exilada, mas “sofreu” com a ditadura, grana nele, mas a revolta é que todos nós sofremos de alguma forma com a ditadura, mas só quem vai ser beneficiado é quem faz parte do poder atual. É a nova ditadura!

Cinthya Fraga
Enviado por Cinthya Fraga em 18/01/2012
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