PERNAS   PRÁ   QUE    TE    QUERO.



   Quando  criança  até lá pelos oito anos de idade,   morávamos num sitio  enorme, no interior de meu estado de origem. Tínhamos um vizinho fazendeiro  chamado Eurico.  Vizinho no modo  de dizer, pois ele morava bem longe de nós. Meus pais diziam que eu  ia me casar  com  ele. O tal Eurico era de fato, um bom partido para as moças casadoiras. Tinha um rebanho de bois que naquele  tempo já era um grande patrimônio. Acontece que eu tinha verdadeiro pavor de bois, desde que um conhecido nosso morrera em conseqüência de uma  chifrada  de um desses animais.  Um  belo dia, aprontei alguma arte e minha mãe, de vara de marmelo em punho  veio prá me surrar. E  eu, sem pensar duas vezes, sai em desabalada carreira pela “estrada”   e ela correndo atrás de mim. Penso que quando ela cansou, saiu-se com esta: Conceição, olha lá os bois do Eurico, eles vão te pegar!   Nem parei prá conferir. Dei meia volta e corri  para os braços seguros da minha algoz. Mil vezes levar  umas  cipoadas de vara de marmelo do  que  enfrentar os bois do meu ex -futuro marido.