O Brado Cristão

Nos últimos dias acompanhei uma minissérie chamada de “O Brado Retumbante” escrita por Euclydes Marinho, que formou uma espécie de contra-peso a várias porcarias que passam mais cedo na Rede Globo com várias críticas interessantes a política nacional.

Destaco duas que me chamaram muito a atenção, ficaram nas entrelinhas: A excessiva burocratização do Estado com vários Ministérios tais como “Ministério da Criança” e “Ministério da Pesca Fluvial” e a doutrinação ideológica da educação com o escândalo da fabricação de livros didáticos no qual afirmavam, por exemplo, que Tiradentes foi precursor do Movimento Sem-Terra e que tanto faz falar “Nós vivemos” quanto “Nóis véve”, pois devemos combater os preconceitos lingüísticos...

Mas antes que o leitor ache que este texto vai analisar o programa inteiro engana-se. Eu quero pegar uma única cena do último capítulo que acredito eu “sem querer querendo” provocou uma reflexão cristã. Não sei se o autor é católico, muito menos se é “praticante” ou “não-praticante”. Acredito que nem um nem outro “pitaco”.

Antes de mostrar a cena é preciso que entendas o que se passa um pouco antes. O presidente Paulo Ventura está próximo do fim do seu mandato e sendo ele um homem íntegro e honesto, depara-se com cartas do ex-presidente Mourão, que foi extremamente corrupto, mas que está muito doente. Havias nestas cartas o desejo misterioso de conversar pessoalmente com o Presidente.

Mesmo com a agenda cheia e com os protestos de seus assessores, Ventura se dispôs a encontrá-lo. Depois de ouvir as lamúrias do ex-presidente cadeirante que numa espécie de confissão contou os seus erros e mostrou como a “mosca azul” do poder o cegou. Para isso, segundo Mourão, a candidatura a reeleição de Ventura deveria ser feita (ele não queria se candidatar) para melhorar o país.

Tirando esses traços de glitter na confissão de Mourão, vamos à cena: Mourão num segundo encontro solicitado está numa capela de fronte ao altar e ao crucifixo. Ventura senta ao seu lado. Mourão agora agonizante pede de novo a candidatura e novamente pede perdão pelos seus erros e ali mesmo dá seu último suspiro.

Para nós católicos o melhor que deveria ser feito é obviamente uma confissão e a unção dos enfermos. Mesmo isso não ocorrendo - o que seria demais para um programa da Rede Globo – o símbolo importante está não só no sincero arrependimento que está aberto a todos os homens, mas de que todos nós estaremos diante do verdadeiro Rei como pó.

O verdadeiro Rei usa uma coroa de espinhos e seu trono é um madeiro perfurado de pregos, mas é o único que pode nos dar a vida: a gloriosa vida. Não importa a função na qual se encontras, devereis fazer do ofício uma arte de louvor. Pois todos nós assim como eu fui surpreendido após assistir a cena por uma queda geral de energia, seremos convocados a presença do eterno Juiz.

Ao contrário dos corruptos desta terra, que usam de perfídia nas suas ações sem misericórdia, nós mesmo com as falhas sejam de Ventura ou Mourão podemos dar um verdadeiro Brado e alcançar aquele que nos dá a verdadeira paz.

Eduardo Oliveira
Enviado por Eduardo Oliveira em 28/01/2012
Código do texto: T3467277
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