Lembranças eternas.

Todos os dias, aquela adolescente tomava o bonde, um bonde de fabricação inglesa, montado numa oficina, lá no bairro do Brás. Ela ia de onde morava ao centro de São Paulo para estudar inglês. A União Cultural tinha sua sede numa rua principal da Bela Vista, num formoso sobrado rodeado por frondosas árvores habitadas por belos pássaros.

Ela nunca deixava de ir à escola, pois não queria perder aqueles momentos em que andava de bonde, respirava o aroma do verde e encontrava tanta paz em suas manhãs. Após a aula, adorava tomar um sorvete enquanto caminhava tranquilamente pelo viaduto até, de novo, tomar o “camarão”, seu bonde preferido, todo pintado de vermelho.

Hoje, aquela adolescente sou eu que, com o passar dos anos, perdi o meu bonde. Meu sobrado foi demolido, em seu lugar há um enorme edifício com estacionamento. Meus pássaros tiveram que procurar as poucas árvores que conseguem ainda sobreviver na atual selva de concreto.

Que saudade sinto da minha adolescência e daqueles ótimos momentos que sempre permanecerão em minha lembrança.
Deyse Felix
Enviado por Deyse Felix em 04/02/2012
Reeditado em 16/11/2016
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