UMA CARTA PRECIOSA


Ontem, minha filha enviou algumas fotos dos nossos cães. Fiquei surpresa ao ver o quanto o Moke cresceu em apenas duas semanas, que estou fora.
Perdeu o ar de bebê e, ganhou um que de rapazote. 
Uma saudade atrevida visitou meu coração.
Saudade das lambidas doces e afáveis desse grande companheiro, vontade de passar as mãos sobre a pelagem macia, desse amigo especial.

Lembrei-me da sábia recomendação de minha filha: "mãe, viva cada fase, quando estiver em NY, curta muito, se desligue daqui, e quando voltar, viva plenamente aqui". 
Estou tentando aprender a fazer isso, estar por inteira no momento presente.
Parece fácil, mas, não é não. Consiste num aprendizado delicado de educar as emoções, os pensamentos que advém delas, para se fincar no tempo atual.

Hoje, enquanto passeava pelo Pier, olhando o movimento das águas, apreciando as pessoas esperando pelo Ferry Boats, que passa a cada dez minutos, um delicioso meio de transporte, pois, durante o trajeto, vamos apreciando a vista magnífica de Manhattan.
De repente o pensamento teimou em não estar ali, nesse calmo momento.
Lembrei-me rapidamente dos conselhos de minha filha, e busquei reeducar meus hábitos, e voltei a curtir a beleza da paisagem.
Na vida tudo é aprendizado, nunca estamos velhos para aprender a viver melhor e, com mais qualidade, principalmente em matéria de emoções.

Com certeza o coração já sente saudade, daqueles que amo, e deixei em São Paulo. Também está saudoso do filho, que há dez dias está longe, trabalhando na California, mas, estou aqui curtindo uma fase tão boa, junto ao meu marido, então busco fincar-me no presente. E agradecer muito a Deus, por poder viver o agora.

Dias desses recebi e-mail de meu querido primo Márcio, me contando que, sua preciosa menina, que se foi repentinamente vítima de um acidente, no dia 28 de dezembro último, já deu notícias a eles. (Através, da psicografia, para quem acredita isso ser possível, em matéria de fé, cada cabeça, uma sentença)
Li cada linha que ela pode enviar aos pais saudosos, com os olhos rasos d'água. E fiquei a imaginar, por quantas vezes, meus primos, que tanto amam essa filha, devem ter lido e relido, as linhas destinadas à eles.
Passada a emoção que senti, uma felicidade doce, invadiu meu coração, em silêncio agradeci a bondade de Deus, que permite esse intercâmbio abençoado, que mitiga a saudade, e ameniza a tristeza da ausência física, pois, como escreveu a Rúbia em uma das linhas: "ESTOU MAIS PERTO DE VOCÊS, DO QUE NUNCA ESTIVE, MAMMA...". 
Era exatamente assim, que ela se dirigia a minha prima, sua amada mãe, uma ligação ímpar existia e continua a existir entre elas.

Por tudo que a vida tem me mostrado, reconheço a importância de viver cada momento. Estar presa ao passado, ou preocupada com o futuro, usurpa de nós, o valor de estar inteiro no tempo presente.
Certa feita li uma frase assim: "Viva cada dia como se fosse o último de sua vida".
E pouco a pouco, vou aprendendo a reconhecer a profunda lição que há nessa expressão.




(Foto da Autora)
Lenapena
Enviado por Lenapena em 07/02/2012
Reeditado em 07/02/2012
Código do texto: T3485371