O telefone toca...
É claro que o mundo se dividiu quando as pessoas comuns tiveram a oportunidade de ter um aparelho telefônico celular.
Tudo bem que já existia o telefone comum, aquele que tínhamos em casa e no trabalho. Tínhamos também o famoso e não menos importante “orelhão” (olha que sou do tempo da ficha).
Mas nada, nada mesmo se compara ao nosso querido celular. Ele é tão importante que tem o poder de parar qualquer acontecimento.
Dizem que até em um casamento a noiva e o padre foram sumariamente deixados de lado pelo noivo que optou por atender seu moderno celular exatamente na hora de declinar seu consentimento a cerimônia, ou seja na horinha de dizer sim.
A Igreja parou em suspense, todos escutando as respostas do noivo ao seu celular, o padre sem saber se aqueles sims eram de aprovação do casamento ou respostas ao celular, e no final daquela tão importante ligação, o noivo se traiu com a seguinte frase:
_ Tá bom, eu tô um pouco ocupado agora, te ligo mais tarde.
Até hoje as pessoas que presenciaram tal cena se perguntam: Quem? Cuma? Kdiq?
Tá bom, foi no interior, e lá o sinal ainda é meio fraco, o que fez com que o garboso noivo andasse atrás do sinal e gritasse as respostas no meio da Igreja.
Mas a importância do celular é incontestável.
Hoje a maior parte das pessoas não sobreviveriam sem o tal. Tirar o celular do mundo equivale a tosar todas as florestas mundiais em um só dia, e esperar a morte sentadinhos.
Estávamos eu, Flávio e Gizele, esta uma amiga que não via a longo tempo. Fomos ao Rubens para tomar umas cervejinhas e comer seu famoso camarão.
Tudo indo bem, e nós três colocando o papo em dia como fazem normalmente os amigos que não se vêem muito.
Foi aí que ele, no meio de uma de nossas histórias, sem o menor constrangimento, tocou. Estridente o danadinho!
É incrível como ele não tem hora nem lugar, provocando um tipo de ciúme nas pessoas que apenas têm que pacientemente esperar que lhe atendam, principalmente se o tal aparelho não for o seu. Dá uma sensação de carência, afinal, não foi o meu…
Mas ao fim das primeiras palavras trocadas entre Gizele e celular, descobre-se que aquela falava com seu filho, aí nada mais importa, pois mãe quando atende ligação de filho esquece tudo e todos, com toda razão.
Afinal o aparelho é bom mesmo.
Mas, ouvi dizer que a tecnologia serve muitas vezes para aproximar quem está longe e distanciar quem está perto. Triste!