Amanhã vai ser outro dia

Gostaria de pedir a você que vai ler esse texto, se possível que comentasse-o, esta é uma atividade escolar, coloquei aqui no recanto das letras para ouvir as opiniões, para que vocês me ajudem a construí-lo e reperar meus erros. Me digam se está confuso, as qualidades e defeitos. Abraços e Obrigado!!!

O espaço parecia ser inóspito. Um clarão. Parecia não haver ninguém no local, questionava-me procurando uma resposta. Onde estaria? Não me lembrava de nada. Uma música eclodia ao fundo “Amanhã vai ser outro dia, amanhã vai ser outro dia....”

Pouco sabia, algumas cenas me passavam pela mente sentia-me atordoado, cada vez mais as dúvidas surgiam. Onde estou? O que faço? Para onde vou?

1961 Jânio renunciava o poder, surgia uma pretensão dos militares assumirem o poder, já que o vice-presidente estava na China, justamente em um período tão temeroso da história, Jango assume, mas isso não conteve o anseio militar de controlar o país, em 1964 os militares assumem o controle, escorraçado o presidente para o exilio, instaurava-se o medo e o terro no país.

- Pulsação 160- dizia um dos médicos

- Para esse só um milagre- dizia outro

- Duvido que sobreviva

Continuava vagando sem rumo, quanto mais andava, mais o som da música aumentava. Vultos e silhuetas começavam a surgir, mas pareciam fugir quando me aproximava, parecia até que caso se aproximassem estariam vítimas de algum perigo.

- Comunista, comunista- gritavam

Começava a me lembrar. Trabalhava como jornalista, 41 anos, casado, com dois filhos. Ingressei na luta armada tentando reverter essa situação que o país se encontrava, lutava por ideais, tais quais acreditava, buscava uma sociedade mais justa e mais igual, um local bom para se viver, mas nem isso eles deixavam. Desde a uma simples canção a um manifesto era vetado pego governo, nos tratavam como animais que não possuem o direito de expressar aquilo que sentem, nos tratavam como atrocidades, um perigo social, tudo isso graças a busca de ideais diferentes.

- O reanimem não podemos perdê-lo, ele possui informações valiosas sobre a guerrilha que procuramos- dizia o delegado

- Estamos fazendo o possível

Proibições eram simples, o pior foi quando instauraram o AI-5, até o que pensávamos era controlado, sentíamos como marionetes reféns de um governo dominador e opressor, que não aceitava contrarreações, queriam que o povo apenas acatasse as ordens outorgadas, por eles. Podemos dizer que de início o país se fascinou com o governo militar, mas fora pura ilusão, o que prevaleceu foram os atos praticados por estes, os quais sujaram nossa história com uma mancha irreparável.

Continuava caminhando, tudo cada vez mais inóspito, algumas vezes tudo parecia rodar, nunca havia estado naquele local, mas as informações começavam a voltar e a se unir como em um quebra cabeça, de tudo pelo menos sabia quem era e o que fazia. Ideais e palavras soltas continuavam a surgir, algumas com pouco sentido, mas devagar iam se encaixando, tudo começava a fazer sentido.

Opressão era pouco comparado ao que faziam conosco, muitos companheiros preferiram se exilar a lutar contra esta força, eles eram muito fortes. Quando se existe um problema recorremos ao estado para que ele nos defenda, mas se nem o estado está do nosso lado, a quem nos reportariamos?

- Doutor, preciso dele vivo.

- É muito arriscado, tem de se ir com calma.

Nossas opiniões eram alteradas, mentíamos para nossa própria pátria, precisávamos esconder que éramos, sentíamo-nos como animais nômades migrando de um lado para outro, na busca de salvarmos nossas vidas. Éramos transfigurados para a sociedade como os vilões da história sendo que não éramos nós que saíamos matando que fosse contra aos nossos ideais, lutávamos por aquilo que acreditávamos.

Tudo começava a girar e girar, saia daquele ambiente, e adentrava uma sala escura, meus olhos se abriam, olhava para meu corpo nu, e via o sangue jorrando de meus pulsos e pernas, encontrava-me em uma cadeira enorme, meus olhares percorriam a sala, ao meu redor médicos, e policiais do Dops.

- Pois bem, você vai falar, ou vamos precisar usar nosso aparelhinho mais uma vez- dizia o general

- General, mais uma carga dessas, ele não aguenta- dizia o doutor

- Você ouviu o que ele disse mais uma você não aguenta, pois bem, vai nos falar por bem ou por mal.

- Eu sou Paulo Ventura, jornalista e comunista, luto pelos meus ideais na construção de um país mais democrático e justo, onde as pessoas possam transitar e se expressar sem medo de serem punidas.

Aquelas foram minhas últimas palavras, tudo começava a rodar, um conflito de ideias eclodia na minha cabeça, voltava aquele ambiente inóspito, o qual começava a modificar-se, surgiam casas, construía-se a sociedade pela qual tanto lutei, uma sociedade onde o homem não é um bicho, onde estes ratos larápios não oprimiam nem outorgavam nada, onde não se mascarava, onde o altruísmo prevalecia sobre o capitalismo, onde não era crime se expressar, onde você tinha voz ativa, e podia no seu destino mandar, estabelecia-se então , a tão utópica sociedade que almejava. A sociedade onde os homens são tratados como homens.

"Tem dias que a gente se sente

Como quem partiu ou morreu

A gente estancou de repente

Ou foi o mundo então que cresceu...

A gente quer ter voz ativa

No nosso destino mandar

Mas eis que chega a roda viva

E carrega o destino prá lá ...

Roda mundo, roda gigante

Roda moinho, roda pião

O tempo rodou num instante

Nas voltas do meu coração..." - Chico Buarque

Vinícius Bernardes
Enviado por Vinícius Bernardes em 09/02/2012
Código do texto: T3489837
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