Descansa em paz, Whitney

Descansa em paz, Whitney

Mais uma voz que encantava o mundo se cala... Whitney Houston é mais uma vítima da sedução alucinógena do álcool e das drogas que tem apagado o brilho de tantas estrelas no mundo da arte. Elas vão ficando assim, pálidas, trêmulas diante dos holofotes da vida, se escondem por detrás de seus vícios e de repente, não se reconhecem mais no palco. Foram muitos que se fizeram loucos e com seus anos poucos, foram brilhar em outro universo, privando-nos da voz, da dança, da imagem nas telas que arrancavam suspiros nos seus dias de glória. Não vou citar nomes, não precisa... São muitas as cadeiras vazias no teatro da fama. Pergunto-me se a droga é conseqüência natural da vida artística, se o uso delas faz com que a energia desprendida sobre um palco seja mais vibrante, mais intensa, mais contagiante para a plateia que assiste. E mesmo se fosse, não valeria trocar o significado de uma vida, pela vida de mentira que se apresenta sob as luzes que ofuscam o ser humano de verdade que se camufla com a arte. No fundo, acho que ser famoso dói. A princípio, a dor é pela perda da identidade que o sucesso inevitavelmente impõe. O ser humano sucumbe diante da fantasia dos fãs, adquirem uma vida de ilusões e mentiras, como se fosse um teatro que tem que ser representando a todo minuto quando longe da sua privacidade. E essa é a outra dor maior ainda, quando não existe respeito pela vida que não consegue se fazer paralela. E finalmente, a dor do ostracismo, a decepção do esquecimento, quando o sucesso vai saindo pela porta da frente, enquanto o artista se esgueira pela porta dos fundos, escondendo muitas vezes o corpo deformado pelo tempo e corroído pelos vícios que lhes rouba a dignidade e os atira nas coxias da vida, mutilados e fracassados, sem força para recomeçar. Foram muitos que já nos deram adeus inesperadamente, vítimas de sua própria inconseqüência. Aos poucos, sua imagem vai se apagando diante de nossos olhos e no final só resta a música, as cenas que o tempo eterniza em imagens gravadas que mexem com a nossa saudade. Se há um recanto de artistas no andar de cima, na certa estão encantando os anjos com o repertório ensaiado no mundo e agora em temporada nas estrelas. Finalmente encontram a paz quando o sucesso repousa na eternidade. Descansa em paz, Whitney...

maria do rosario bessas
Enviado por maria do rosario bessas em 14/02/2012
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