:::: Once Upon a Time ::::

Amor. Era amor e eles juravam que seria eterno como nos filmes românticos. Aquele amor intenso, cheio de vida e vontade. Promessas surgiam de frases feitas, meio clichês, sem muita originalidade. Mas continuava sendo amor, até que ela discutia com ele impondo seus vícios literários e ele retrucava porque não conseguia ficar calado nem por um segundo. Era petulante, e lindo. Quinze minutos e pronto, era novamente o mesmo velho amor. Abraços apertados cheios de palavras açucaradas ao pé do ouvido e uma sessão de nostalgia, até que surgia um passado mais presente do que poderia ser e ela chorava, melancólica, como normalmente era. Ele não suportava tanto choro e não entendia aquela angústia que insistia naqueles olhinhos apertados. Tão nova, tão triste, e eu? Porque não sou um motivo para ela sorrir?

Meia hora e um olhar solto no ar, e tudo ficava bem, porque era amor. Até que ponto? Ela se perguntava. Tanta briga, tanta diferença, será mesmo amor? Ele insistia. E perdidos em seus próprios pensamentos incompartilháveis se distanciavam mais e mais, mas com a ideia de ser mesmo amor, apesar de tudo. Briga que se rompia em uma compreensão, ciúmes que se apagava em um beijo e o amor iam ficando na rotina do que deveria ser amor. Na regra ditada, na linha perpétua em que caminha esse sentimento, não podendo desviar para não deixar de ser amor.

E então acabou, não o amor, mas a paciência ou até mesmo a vontade e tudo passou a ser apenas mágoa e memória. E o amor se reescrevia sempre, cheio de orgulho, em ambos corações. Olhares vazios que raramente se encontravam, como se jamais houvesse existido amor ali, eles entenderam que era melhor assim, mas o coração não. Coração é mesmo sempre insolente, teimoso, agressivo, apaixonado e sem razão. Porque é coração e ama, e amar não é ofício da cabeça e não necessita de regras e linhas a serem seguidas.

Até que um dia compreenderam, por algum motivo ainda não identificado, que pertenciam um ao outro e mesmo que diferentes se encaixavam, justamente por serem peças distintas de um quebra-cabeças tão complicado como, de fato, é o amor. Mas está mesmo aí um sentimento que não precisa ser entendido, o amor não foi feito para ser decodificado, mas para ser sentido, e bastar, satisfazer e completar. A distância fez eles descobrirem e aceitarem que não conseguiriam viver um sem o outro, porque quando dois corações se unem qualquer ruptura brusca pode machucar ou até matar.

E sabe de uma coisa? Quem sabe seja uma história real ou meramente fictícia. Ou talvez tenha acontecido com você, essa mania de achar que amor é perfeito, com flores ao final de uma tarde turbulenta ou uma declaração no topo de uma montanha aos quatro ventos. Mas amar é tão mais simples, é um toque conectado ao coração que faz arrepiar, é um "eu te amo" sussurrado. Porque provar que ama não é necessariamente pular de um prédio com um pedido de casamento estampado no paraquedas, mas sim admitir a si mesmo que não consegue viver sem aquele metido, petulante e incrivelmente lindo grande amor da sua vida. E que importa a visão dos outros? Ser feliz depende de como você vê, de como você é e de quem você ama. E ponto final.

E depois de tudo, das brigas, dos medos, das inseguranças e elas acabaram descobrindo o que já sabiam: é mesmo amor!

Ana Luisa Ricardo
Enviado por Ana Luisa Ricardo em 14/02/2012
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