LINHA AMARELA TINTA DE SANGUE
Um grande tremor.
A natureza desenhou no solo o mapa da destruição. Avisos sutis, rachaduras, abalos.
Sinais!
Trincas riscaram o concreeto, ruiu o chão. A terra ferida abriu sua boca voraz e engoliu rua, veículos, pessoas.
Nuvem branca tingindo o céu e empoeirando a terra, trazendo em si os ventos da desgraça e do extermínio.
Lágrimas vermelhas enlutando famílias. Dores agudas lancinando corações.
Espetáculo aterrador, população em choque.
Ó homem! Quão cego é diante dos indícios da mãe terra.
Não soube ler as entrelinhas escritas nas cartilhas da vida? Por isso, semelhantes seus pereceram.
Que ingênua propriedade o induziu pensar que curaria as chagas abertas da terra, ferida em sua profundeza?
A natureza cobra na mesma proporção que oferece. Tanto ofertou que os homens desrespeitaram seus limites, subjugaram sua força.
Ali, naquela cratera úmida e fria, dormem corpos inertes, apartados de sonhos que nunca viverão.
Vidas ceifadas, plantadas na terra fria, pagando o preço do progresso.
Linha amarela tinta de sangue, canteiro de obras do metrô!
Vale da morte, enfeitado por destroços mecânicos.