LINHA AMARELA TINTA DE SANGUE

Um grande tremor.

A natureza desenhou no solo o mapa da destruição. Avisos sutis, rachaduras, abalos.

Sinais!

Trincas riscaram o concreeto, ruiu o chão. A terra ferida abriu sua boca voraz e engoliu rua, veículos, pessoas.

Nuvem branca tingindo o céu e empoeirando a terra, trazendo em si os ventos da desgraça e do extermínio.

Lágrimas vermelhas enlutando famílias. Dores agudas lancinando corações.

Espetáculo aterrador, população em choque.

Ó homem! Quão cego é diante dos indícios da mãe terra.

Não soube ler as entrelinhas escritas nas cartilhas da vida? Por isso, semelhantes seus pereceram.

Que ingênua propriedade o induziu pensar que curaria as chagas abertas da terra, ferida em sua profundeza?

A natureza cobra na mesma proporção que oferece. Tanto ofertou que os homens desrespeitaram seus limites, subjugaram sua força.

Ali, naquela cratera úmida e fria, dormem corpos inertes, apartados de sonhos que nunca viverão.

Vidas ceifadas, plantadas na terra fria, pagando o preço do progresso.

Linha amarela tinta de sangue, canteiro de obras do metrô!

Vale da morte, enfeitado por destroços mecânicos.

Rosemarie Rossi
Enviado por Rosemarie Rossi em 17/01/2007
Código do texto: T350002