Coelhos permitem felicidade

Fiquei pensando...

Por muito tempo, para mim, ser feliz era satisfazer-me. Ledo engano. Quando chorei, gritei, murmurei, dancei, tremi, xinguei, adoeci, falei mal, foi porque as coisas não saíram como eu queria. E ontem, ao ver minha Camila, de 22 anos, abraçando filhotes de coelhos que comprei para agradar o filho dela – meu neto – dizendo, pela enésima vez, que sempre quis ter um coelho e não pôde porque eu não deixei, fiz uma análise de quantas coisas dificultei para que as pessoas que sempre estiveram comigo fossem felizes.

O fato dela não ter coelho, quando criança, não significou nada para mim, porém deixou nela uma marca indelével, pois, de alguma forma, volta e meia, o comentário se faz presente. Mas... o que importa, é que resgatei parte das frustrações: mãezinha e criança, ontem à tarde, afagaram e amaram muito os filhotes de coelho. Foi uma satisfação revelada em mim, talvez mais que neles, porque a frustração “coelha” não mais haverá entre nós.

Vi, portanto, que a corrida pelo ouro (a felicidade) está sempre recomeçando, que é preciso, constantemente, traçar no mapa da minha vida os pontos que ignorei até então. Tenho que percorrer a estrada anterior e tentar possibilitar a vitória particular daqueles que fazem ou farão parte da minha história fantástica.

Metaforicamente, há coelhos, cachorro, peixe, passarinho e porquinho da índia para cuidar, quando na verdade a carência que precisa ser revelada ainda está entocada. Preciso abrir caminhos, permitir avançar nas veredas do meu coração, contagiar o presente com respingos de luz que façam ressurgir as impossibilidades passadas. Não importa mais o “mim”, é o outro que revela a minha felicidade.

Joisia Goes
Enviado por Joisia Goes em 15/02/2012
Reeditado em 16/02/2012
Código do texto: T3500470
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