Coelhos permitem felicidade
Fiquei pensando...
Por muito tempo, para mim, ser feliz era satisfazer-me. Ledo engano. Quando chorei, gritei, murmurei, dancei, tremi, xinguei, adoeci, falei mal, foi porque as coisas não saíram como eu queria. E ontem, ao ver minha Camila, de 22 anos, abraçando filhotes de coelhos que comprei para agradar o filho dela – meu neto – dizendo, pela enésima vez, que sempre quis ter um coelho e não pôde porque eu não deixei, fiz uma análise de quantas coisas dificultei para que as pessoas que sempre estiveram comigo fossem felizes.
O fato dela não ter coelho, quando criança, não significou nada para mim, porém deixou nela uma marca indelével, pois, de alguma forma, volta e meia, o comentário se faz presente. Mas... o que importa, é que resgatei parte das frustrações: mãezinha e criança, ontem à tarde, afagaram e amaram muito os filhotes de coelho. Foi uma satisfação revelada em mim, talvez mais que neles, porque a frustração “coelha” não mais haverá entre nós.
Vi, portanto, que a corrida pelo ouro (a felicidade) está sempre recomeçando, que é preciso, constantemente, traçar no mapa da minha vida os pontos que ignorei até então. Tenho que percorrer a estrada anterior e tentar possibilitar a vitória particular daqueles que fazem ou farão parte da minha história fantástica.
Metaforicamente, há coelhos, cachorro, peixe, passarinho e porquinho da índia para cuidar, quando na verdade a carência que precisa ser revelada ainda está entocada. Preciso abrir caminhos, permitir avançar nas veredas do meu coração, contagiar o presente com respingos de luz que façam ressurgir as impossibilidades passadas. Não importa mais o “mim”, é o outro que revela a minha felicidade.