O Câncer da Nação e o Grito Amordaçado
         “O imposto é a arte de pelar o ganso fazendo-o gritar o menos possível e obtendo a maior quantidade de penas”, eis uma dedução de Garland Pollard, já Benjamin Franklin senteciou: “Nada é mais certo neste mundo do que a morte e os impostos.” Ninguém foge dessa premissa. Pagamos tributos sejamos produtores, todos têm os governos como sócios, sejamos consumidores desde um palito de fósforo, passando pelo café com pão, até o caixão de defunto, somos todos pagadores conscientes ou não.
         Levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT) revela que para pagar todos os impostos, taxas e contribuições exigidos pelos governos federal, estadual e municipal, nós brasileiros somos obrigados a trabalhar 4 meses e 26 dias (146 dias) por ano. Para reflexão sobre o crescimento da carga tributária, o IBTP revela que na década de 1970, o cidadão trabalhava 2 meses e 16 dias para pagamento dos tributos; na de 1980, 2 meses e 17 dias e, no início da década de 1990, 3 meses e 12 dias. Isso uma verdadeira “(ré) evolução”.
         A título de comparação, o levantamento do IBPT mostrou que enquanto no Brasil trabalha-se 146 dias para conseguir pagar os tributos, nos vizinhos Argentina 97 e Chile 92, já no México 91 dias. Na França são necessários 149 dias; na Espanha, 137, e nos Estados Unidos, 102 dias.

         A questão é que nossa gigantesca arrecadação não retorna proporcionalmente em benefícios para a nossa sociedade, destacadamente por uma doença chamada Corrupção, o câncer da nação. Os desvios das verbas públicas em todas as esferas governamentais determinam a riqueza rápida de indivíduos e grupos parasitados no Poder e, determina também a miséria, o analfabetismo, a evasão escolar, a falta da merenda, a falta do material didático, o choro de fome da criança, a prostituição infantil, a violência. Enfim, todas as formas de patologias sociais.
         É urgente a mobilização da sociedade, que tem sido frágil diante do desafio imposto. Ao nível da legislação a corrupção precisa ser considerada como Crime Hediondo. Não basta punir os corruptos e corruptores, mas reaver os bens surrupiados do erário público. É fundamental garantir cada vez mais Fiscalização, Transparência e controle social. Punição ágil e exemplar. Mas, sobretudo, uma Educação que estimule valores, ensine a sociedade a se defender e previna essa aberração moral e social.
         Sem isso continuaremos sendo “pelados” como os gansos na água fervente, e os nossos gritos são surdos para os ouvidos dos imorais.