Penúltimo suspiro
 
 
Sou história sem começo e nem fim. O arquétipo inacabado inexistente da inexistência... Encontro-me na surrealidade contingente existindo, cruelmente, num interminável desatar de nós. A sagacidade da urdidura traz rescindivas implacáveis e, por um triz, desanimadoras... Jazo na dúvida a transpor-me aquém da intelectualidade do ser, lutando pra sair da cova cinzenta dos meus pensamentos. Meu epitáfio guarda-me oculta no fundo dos meus encontros buscados ante a miragem existente, diante desse corpo sem forma, sem presença; inflexível, denso... A vida inexiste desde o laço embrionário manifestado. Trouxe comigo um elo preso me submetendo à servidão dos meus enganos. Incauta sobrevivência!... Cá me encontro subjugada às quedas da memória involuntárias... Meio viva; fora da matéria ou... extinta?!... cuja sensação guia-me a um estado de calma, felicidade, porém, temor...
Onde me encontro vida, jazida e flutuante nesse espaço dimensional?... A morte deve ser a minha companheira fiel ao encontro dos escombros que ela descamba pra eu não fenecer diante das tais desumanas sortes... Fujo do muro das lamentações. E a cada fuga a morte celebra esse meu intento. A vida sangra no interior das minhas emoções... E, mais uma vez, vou ao encontro da subsistência... É árduo o caminho do amor; cruel a desumanidade, pleno o encontro.   Admoestada às aflições que um dia, sem dúvida, sei lá quando – não me é relevante saber – as descobertas serão explosivas ou não, surpreendentes ou não, porém, o surto será, tão, implacável quanto à explosão do famigerado big bang... É, deveras, questionável o meu nascer e o meu viver... Posta ser estar eu desintegrada e flutuante no espaço sideral?   Serei uma abdução terráquea, ou que eu possa ser um ser identificável à mercê das involuções advindas? Viver deveria ser um estágio, suscetivelmente, evolutivo; no entanto, o meu mundo interno traduz-se entre dores e expiações... Ansiosamente, grito pela alforria das emoções, cujo grito é, tão, estridente que jamais fora ouvido pelo universo em transformação, pois o pecado da unção com o cosmo me é cruel... Desambientada de mim, corro ao meu encontro.  Ainda, despreparada, transpiro sangue e o meu cérebro exausto incendeia torpor por todas as minhas vísceras e músculos no meu corpo inerte... A noite traz, com ela, a plausível paz em desencanto... Quando o sol se vai é o momento em que a minha cabeça pára do rodopiante sussurro, intermitente, de todo um dia...   A penumbra do anoitecer me envolve silenciosa e lânguida.  De nada mais preciso que a sensação de me sentir, realmente, com vida, até, um novo dia clarear.
Um dia novo na correnteza da busca de soluções pra toda a turbulência de mais esse novo dia inteiro, que me entrego a mais uma peregrinação, a caminho do encontro na tentativa pra soluções diferentes encontrar... 
rigveda
Enviado por rigveda em 03/03/2012
Reeditado em 04/10/2012
Código do texto: T3533310
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