O GAMBÁ URBANO E O CARNAVAL

Todo ano fico dividida entre passar o carnaval enclausurada no meu próprio quarto ou aceitar o fabuloso convite de minha prima Luciana e me esbaldar nos blocos sujos do Rio. Hooo, dúvida cruel!

Este ano não resisti e além de ir, acabei por convencer parte de minha família (irmã, cunhado, sobrinhos e até a namorada de um deles) a ir também.

Claro que fomos também para a inauguração do novo apartamento de minha prima Luciana. Para tanto, acampamos no melhor estilo “adolescente em casa de praia para carnaval”, ou seja a maior bagunça já vista por aquelas bandas do Leblon. Ninguém arrumava nada, apenas saíamos, comemorávamos o carnaval, tomando todas as latinhas de cerveja possíveis, rindo muito e tentando acompanhar o pique dos cariocas, tentativa vã.

No apartamento tem uma varanda muito gostosa, onde estávamos sempre ao retornar da farra. Em uma destas ocasiões, avistei um bicho estranho que passava em cima da cerca do prédio em frente, comentei que deveria ser uma ratazana, mas Luciana constatou que era um gambá…

Aí se deu a pérola, meu cunhado, já um tanto alterado pelo álcool, debateu que não poderia ser gambá, afinal ali não existia alambique e nem sequer galinheiro, e tal bicho só se alimenta de ovos e de cachaça.

Quem estava na varanda sequer pôde reagir, pois as gargalhadas não deixaram, e o pior, a insistência dele chegou ao Google, pois que nos mandou fazer uma pesquisa sobre a alimentação do gambá.

É claro que ele desconhece o gambá urbano, este sai de casa passa na cachaçaria da esquina, senta no balcão e pede pra descer uma, depois vai ao supermercado 24h., e compra uma dúzia de ovos. Pronto, já está resolvido, gambá urbano não tem este tipo de problemas de alimentação!

E o pior, é que ao nos oferecer uma cachacinha, minha prima vem toda metida lá de dentro do ap, com uma garrafa de louça anunciando uma cana das melhores, acontece que quando ela vira a garrafa, nada mais havia lá dentro, ou seja os gambás estão frequentando o apartamento dela, no outro dia, acabaram com a cerveja, e só não deram fim na vodka por que esta estava no freezer.

Fica nítido que nós somos mesmo da roça, caipira mesmo – mermo como diriam os cariocas.

Vamos ver… para o ano que vem desejo ver mais gambás urbanos, de preferência na mesma varanda. Valeu Luciana, foi um super carnaval, ano que vem levo mais alguns gambás caipiras, só pra interagir.

Cinthya Fraga
Enviado por Cinthya Fraga em 03/03/2012
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