"O ÚLTIMO DESABAFO"

Quando soube que ia morrer, percebi que poucas coisas valem realmente a pena nesse mundo, era viciada em filmes, séries e outras coisas mais e tudo isso tornou-se tão sem importância, tão sem sentindo; porque ficar horas parada assistindo a coisas que não são reais, que não me acrescentam, que nem influem nem contribuem em nada para melhorar minha vida, pelo contrário, só me fazem perder tempo, quanto tempo perdi com coisas e pessoas supérfluas quando deveria usá-lo com pessoas e coisas que realmente tem importância e que valem a pena. Se bem que pra DEUS toda alma vale a pena.

Eu estou tranquila com a minha partida e sofro mais pelos que ficam, pela falta que sei que vou fazer para meu esposo, filha e amigos, se bem que essa falta é tão passageira, pois logo será preenchida com atividades como trabalho, passeios, jogos, internet, estudo e tantas coisas que inventamos para ocupar a cabeça e preencher os espaços vazios, que em pouco tempo sei que serei apenas uma doce lembrança, pois apesar de sermos únicos, ninguém é insubstituível.

Não tenho medo da morte física, pois sei que estou aqui só de passagem, que meu lugar não é aqui, mas nos apegamos a esse mundo, criamos vínculos, por exemplo, queria poder conhecer meus netos, creio que serão umas coisas muito fofas, queria poder levá-los a igreja, ao parque, à praia, queria ensiná-los a ler, escrever, e contar, queria fazer brigadeiro com e pra eles, ouvir o som de suas vozes me chamando de vovozinha; ah como seria bom!

Sei que não tenho direito de reclamar e nem tão pouco me lastimar, pois o pior são aqueles que morrem antes de nascer e que nem chegam a ver a luz. Tive a minha chance de viver e ser feliz, amei e fui amada, fui criada por pais maravilhosos e amorosos; tive uma filha linda, perfeita, sadia e inteligente com o meu único e verdadeiro amor; vivi confortavelmente, plantei árvores e pude comer seus frutos; escrevi algumas coisas pelas quais recebi elogios; fiz amigos sinceros; chorei, sorri, festejei, viajei, e tive o mais importante e definitivo encontro da minha vida: "O meu encontro com Jesus", o qual sempre caminhou ao meu lado por mais que eu não percebesse sua companhia, até o dia em que meus olhos se abriram e percebi sua maravilhosa presença, o seu amor incondicional, comecei a reconhecer os seus livramentos e o seu agir em minha vida, ao invés de achar que era sorte ou coisa do acaso, pois o cristão não tem sorte, tem DEUS.

Por isso e por muitas outras razões não tenho nenhum direito ou nada do que reclamar; só tenho que agradecer por tudo o que DEUS me deu nessa vida e partir com a certeza do dever cumprido, ou quase cumprido, pois sempre dava para ter feito melhor, orado mais, jejuado mais, compreendido mais, louvado mais, ter amado mais e dito mais vezes "eu te amo".

Agora o tempo está se esgotando, quase não tenho forças, vou aproveitar meus últimos minutos para pedir perdão a DEUS e me perdoar também.

VANUSA PAIXÃO
Enviado por VANUSA PAIXÃO em 10/03/2012
Reeditado em 22/11/2012
Código do texto: T3546096
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