TEMPO, TEMPO, TEMPO, TEMPO - A VIDA DA GENTE - e o homem que não gosta de fim de novela

TEMPO, TEMPO, TEMPO, TEMPO

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Sérgio Portugal

Dom-18-03-2012

Subtítulo:

A VIDA DA GENTE - e o homem que não gosta de fim de novela

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Hoje eu, finalmente, voltando de uma viagem, vi o final gravado da novela "A Vida da Gente"...

E novamente constatei...

EU NÃO GOSTO DE FIM DE NOVELA!!!

Não importa se é final feliz... se triste... se um pouco de cada...

Nem mesmo quando o tal "último final de novela" foi "parecido com o

daquela outra novela"... ou quando a própria novela inteira foi

parecida com a outra... (embora não tenha sido nada do que achei "desta" novela em particular)

Na verdade o fim, o "último momento do último capítulo", independentemente da novela, do tema ou do que esteja acontecendo, me causa tamanho nervosismo, que eu me levanto e quase nunca vejo... pelo menos não de cara... não no momento em que ele se realiza... ali... significando o "fim" daquela estória...

Então... se eu não vejo... é como se ela não tivesse acabado... ao

menos ainda... pelo menos não até que eu veja o tal "final" na

repetição do capítulo... mas aí eu já tô meio que conformado, sabendo

que - não tem jeito - acabou mesmo e "daquele jeito"... meio que me

conforta vê-lo na repetição (já até que com uma "ponta de saudade")...

Ah... a verdade é que eu detesto fins de "estórias"...

Ainda mais estórias como essas dessa novela "A Vida da Gente" que falam da constância do tempo em contraste com a motilidade de todas as outras variáveis em seu entorno (rostos, rugas, desejos, afetos, amores...), variáveis em que a única constância que se pode verificar nelas é sua própria modificação, ao longo, exatamente, "do tempo"...

Não podia pelo menos "essa" novela nunca terminar de verdade???

Fica aqui meu protesto... e meus parabéns aos autores...

Agora que essa boa novela (tristemente para mim) terminou, na verdade, refletindo um pouco, acho esse meu comportamento "muito estranho", porque... eu realmente adoro estórias - e na verdade, no normal, elas são "mais contadas" apenas "após" seu "fim" "mais definitivo"... ou pelo menos a grande maioria das estórias são iniciadas com o objetivo principal de se "atingir" um determinado "fim pretendido"...

No "antes" e no "durante" elas são apenas "desenrolares"- nem tão

significativos assim, na maioria das vezes... passam meio que

despercebidas - estórias "colaterias"...

Pois é... então é isso: as estórias "colaterais" - os "desenrolares" -

é que me são realmente super fascinantes...

Elas me viabilizam "voar sem asas", "correr milhas sem me cansar",

"chorar sem realmente, de verdade, necessariamente estar triste",

"beijar o Sol" - mais de um Sol até, "namorar a Lua", "estar

eternamente com quem gosto, num infinito (enquanto este durar) - e como é colateral e não atinge um fim - tudo isso, infinita e eternamente "pra sempre"...

É... talvez por isso é que as novelas me sejam assim tão fascinantes...

elas iniciam criando um mundo particular que, de fato, só terão

realmente algum "final" muito tempo depois - nada pra se pensar

agora... no "agora" (exceto no último capítulo) o importante mesmo é o

momento do que se "desenrola"... e até, às vezes, tenho a impressão de que posso mudar alguns finais que eu não gosto...

Ainda bem que novas estórias começam sempre... e que nunca acabem!!! nenhuma delas...

Assim, decreto dar-me o direito de, ao menos no mundo da minha

imaginação, sempre haver uma "terra do nunca" (diferente daquela, mais famosa - aquela que nunca crescemos)... uma "terra do nunca" em que, até porque "tudo" estaria modificando constantemente, "quando envelhecendo, possamos rejuvenescer", "quando errando, possamos acertar", "quando chorando, voltemos a sorrir"... e muito... e sempre...

Na qual "nunca" venhamos a estar tristes...

E assim, mesmo colhendo incontáveis princípios e fins, sempre possamos estar felizes com quem amamos... sempre possível nesse "plano terreno" tão "fértil" de nossa imaginação...

E que, nessa e em todas as outras "terras do nunca" que possam eventualmente existir por aí, que o amor seja infinito e eterno... não apenas enquanto dure... mas enquanto o próprio "tempo" dure - ou melhor - mesmo quando após seu fim...

Tempo, tempo, tempo, tempo...