PREÂMBULO SEM HISTÓRIA

Um traço de história ilumina a tarde.

O que posso fazer se não tenho uma história para contar?

O fato acontece diante dos meus olhos mas não é minha culpa não ter o ritmo e o tempo e nem durar o suficiente para fazer dos movimentos da mosca um enredo.

O que se pode fazer então é uma transcrição poética dos objetos em cena.

Difícil mesmo é dar início com uma negativa.

Mas vamos lá.

Por serem objetos não estão menos vivos e menos cheios de vontade que eu ou o leitor, pois que é desejo de vida o que se vê. E mais, a vida sustentada por si, em si, como ela é.

Acontece, está lá o majestoso Angico. Aqui, debaixo desse limoeiro que elegantemente dá passagem para a luz do sol, deixados para nosso testemunho, três pés de erva doce que fazem primeiro plano para que o singelo pé de mentrasto se encoste.

Enredados na falta de trama, sento-me calado.

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Baltazar Gonçalves

Baltazar Gonçalves
Enviado por Baltazar Gonçalves em 19/03/2012
Reeditado em 19/07/2018
Código do texto: T3563841
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