O Porto
Le Havre é uma cidade do norte da França que está diante da Inglaterra, "do lado de cá" do Canal da Mancha, ou seja, do lado do continente. “O Porto”, no original “Le Havre” é um filme muito atual e interessante, e sua história se passa nessa cidade. É um filme finlandês de Aki Kaurismarki. À primeira vista é um filme irreal e meio conto de fadas porque não podemos quase imaginar na Europa de hoje e principalmente naquela região um homem velho, pobre, engraxate que se comprometa em ajudar um menino africano migrante ilegal, fugindo da polícia e principalmente que este homem conte com o apoio e a colaboração de várias pessoas do seu bairro. É quase impensável tal o racismo e a discriminação que atualmente assola a Europa e principalmente a França. A propósito nessa quinta feira, 22 de março, em Fátima, Portugal, aconteceu um encontro internacional de pastoral dos ciganos e migrantes clandestinos na Europa (o café servido nos intervalos  foi brasileiro-sul mineiro). Migrantes clandestinos na Europa é uma situação que não dá para descrever nem quase acreditar que é real.
Mas, vamos partir do princípio de entrar na história e aceitar como possível. Aí o filme é bonito e muito bem realizado (ganhou prêmio em Cannes em 2011.O júri foi presidido pelo crítico brasileiro José Carlos Avellar). Eu acho que principalmente é um filme que mostra que é possível e urgente uma nova atitude com os africanos que chegam na Europa escondidos em conteiners como se fossem carga e muitas vezes morrem em condições terríveis. Por outro lado, têm mesmo de escapar de guerras civis e internacionais cruéis, da fome e da seca em seus países. É terrível pensar que no mundo atual, a técnica avança, as comunicações virtuais se aprimoram e as relações humanas involuem e o ser humano parece que se torna menos humano e mais frio e insensível. Temos de mudar isso. O filme é excelente e vale a pena ver.
                                                            
E para dizer que não falei de flores, pingo o ponto final relembrando a situação dos haitianos no Brasil. Não que eu seja implicante...