O TERCEIRO DIA COM OS AMIGOS - “A PEDRA DO SAL” – PARTE 8.

A mesa do café estava farta de produtos regionais. As frutas fresquinhas colhidas do meu pomar cuidadosamente com as minhas mãos, após lavadas foram diretamente para a mesa. Três tipos de manga: espada, geminiana e manga rosa. O caju também se fez presente ao desjejum. Escolhi os mais bonitos, uns amarelos com nuances laranja, outros todo amarelinho. Uns mais doces outros mais azedos. Tinha gosto para tudo.

Pois bem, hoje o programa foi conhecer a Pedra do Sal, a nossa linda praia. Ela fica na Ilha Grande de Santa Isabel, a 18 quilômetros do centro de Parnaíba. Seguimos pela Rodovia 116 –Pi. É uma estrada asfaltada, em boas condições, porém falta acostamento e é bastante tortuosa. Em compensação oferece lindas paisagens com muitos carnaubais.

A Pedra do Sal é uma praia excêntrica. Grandes rochedos, pedras enormes e belas, dividem os 6 quilômetros dessa bela praia em duas partes. Uma de água mansa, poucas ondas, propícia para a pescaria. Do outro lado a praia brava com ondas gigantescas, apropriada para o surf e asa delta. Quem quiser tomar banho de chuvisco de água salgada também pode fazer opção. Basta alocar-se nos rochedos que adentram ao mar. As águas batem fortes nas pedras, subindo em grande quantidade, retornando pela lei da gravidade, em forma de chuvisco. Quando a maré baixa e água que caiu nas pedras evaporam pode-se ver nas cavidades o “sal”, deixando pelo água salgada, daí o nome “Pedra do Sal”. Na praia mansa canoas de pescadores ficam amarradas a troncos e o peixe fresco pode ser comprado nesse local antes da comercialização.

O por do sol visto da Pedra do Sal é deslumbrante. Essa é uma praia cheia de lendas e mistérios. Seus moradores dizem ter visto extraterrestres. Alguns historiadores afirmam a presença dos fenícios nessa região há algum tempo, baseados nas escrituras encontradas nessas pedras. Dizem alguns, que eles, os fenícios, deixaram escondido entre os rochedos grandes tesouros. O morro gemedor tem uma lenda que desperta a curiosidade dos turístas. Contam seus moradores que nessa região morou uma linda índia de nome Intã que costumava passear aos finais da tarde na beira mar. Em um de seus passeios deparou-se com um náufrago desmaiado. Homem bonito, de pele branca que conquistou o coração da índia depois que se recuperou numa cabana sob os cuidados de Intã. Ela viveu escondida com ele por algum tempo porque sua tribo não abençoaria seu amor com um homem branco. Certo dia uma tempestade de ventos forte e altas marés soterraram a cabana, morada do casal e eles morreram juntinhos se amando. Quem caminha nesse morro escuta o gemido de Intã nos braços de seu amado. As pisadas na areia realmente têm o som de gemido, será verdade que é da índia?

As tartarugas marinhas que ali nascem também representam um belo fenômeno natural. Elas são de duas espécies: Tartaruga de Oliva e Tartaruga de Couro. O vento da Pedra Sal é aproveitado como energia. A usina eólica ali instalada em 2008 conta 80 cataventos e a energia captada é comercializada com a Eletrobrás.

A urbanização da Pedra do Sal se deu recentemente na Administração do atual Prefeito José Hamilton (2012). Na orla marítima tem uma calçadão revestido com pedra portuguesa e alguns bares foram melhorados para receber os turistas. O Secretário da Cultura Arlindo Leão tem investido programando belas noites de reveillon nessa belíssima praia.

Meus amigos ficaram encantados com tanta beleza. Tiraram fotografia das canoas chegando carregadas de peixes, das pedras, do farol que foi inaugurado em 04 de março de 1872 para uns historiadores, e para outros em 1873. Tem 12, 5 metros e foi montado pelo engenheiro César Bulamarque. As residências dos Silvas, também foram fotografadas. São construídas entre as pedras, feitas de carnaúbas, coberta de palha, numa construção rústica e estilosa. Uma dessas casas pertence a família de Dr.Alberto Silva, engenheiro parnaibano que foi Prefeito dessa cidade, governador do Estado e Senador da República, homem brilhante muito conhecido no meio político e já foi para a eternidade.

Meus amigos quiseram saber mais dos mistérios da Pedra do Sal. Ficamos de retornar outro dia para que eles escutassem da boca dos próprios pescadores, moradores do local as muitas outras lendas da região como a do cabeça de cuia, da Pedra Gigante, do Vareiro do Rio Parnaíba, a Lenda da Mandioca, a Lenda da Carnaúba, a Lenda do Morro da Mariana, etc.

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Parte 8 do Livro “O Quinto” que está em fase de produção e sendo transcrito para o Recanto na proporção que escrevo. O restante do “Terceiro dia com os amigos” , o Cajueiro de Humberto de Campos e a noite no Ponto de Encontro” do Ideal Center será a – Parte 9

Maria Dilma Ponte de Brito
Enviado por Maria Dilma Ponte de Brito em 25/03/2012
Reeditado em 18/04/2020
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